Higiene alimentar: como garanti-la em seu estabelecimento?

Prática • mar. 27, 2019

O segredo da receita perfeita, que resulta em um tempero saboroso, aroma irresistível e aspecto apaixonante, não está exclusivamente nos livros, e sim na capacidade de elaboração dos pratos. E isso envolve a escolha dos melhores ingredientes, a seleção dos cozinheiros e, claro, a higiene alimentar.

O cuidado com os produtos servidos no food service deve começar no transporte da matéria-prima e passar pela conservação adequada dos itens e correta manipulação dos ingredientes, até chegar à adequada exposição dos produtos.

Hoje você vai entender os riscos silenciosos que os alimentos correm diariamente pelas mãos dos profissionais, caso não haja um adequado grau de limpeza dos equipamentos e assepsia, tanto por parte dos colaboradores da cozinha quanto dos garçons e atendentes.

Continue a leitura e garanta a saúde dos seus clientes!

Intoxicação alimentar e seus riscos

A mudança brusca de temperatura dos alimentos durante o processo de produção, além do contato dos ingredientes com mãos e materiais diversos, são estradas tão largas quanto perigosas para a contaminação dos produtos por vírus, bactérias e toxinas.

Ameaça silenciosa, basta que um só ingrediente de seu prato seja infectado para que seu cliente, dentro de poucas horas após o consumo, dê entrada na emergência hospitalar com sintomas como náuseas, febre, dores abdominais, entre outros desconfortos.

Isso sem falar em potenciais multas de órgãos sanitários e eventuais responsabilizações até em âmbito criminal por falta de higiene alimentar. Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o tema, a ingestão de alimentos contaminados leva anualmente 582 milhões de pessoas aos hospitais, dentre as quais 351 mil morrem.

Quais são as regras da Anvisa de higiene alimentar?

O artigo 23 da Constituição Federal determina que é competência comum aos entes federativos zelar pela saúde pública, o que inclui a vigilância sanitária.

Como todas as esferas podem legislar sobre o tema, as regras e sistemas de sanções sanitárias no Brasil não são unificadas. Cada estado e município pode ter a sua. Para estados e cidades que não possuem, utiliza-se como referência a RDC 216 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De toda forma, mesmo os estados e municípios que legislam sobre o tema costumam embasar seus regramentos sobre essa resolução da Anvisa, servindo este normativo como guia-base para todos os estabelecimentos que desejam alinhar-se aos preceitos elementares de higiene alimentar.

Confira a seguir um resumo das questões-chaves que devem ser observadas.

Local de trabalho

  • O ambiente de manipulação de alimentos deve ser limpo e organizado. Vale lembrar que uma colher de terra pode conter até 1 milhão de bactérias;
  • Pisos, paredes e teto devem estar livres de rachaduras, trincas, bolores, descascamentos e goteiras. Devem ser de revestimento liso, impermeável e lavável;
  • Portas das áreas de preparação e armazenamento de alimentos devem ser automáticas. Janelas/portas devem ser protegidas por telas, a fim de coibir a entrada de pragas;
  • As caixas de gordura e de esgoto devem ser compatíveis com o volume de resíduos, posicionando-se fora da área de produção e guarda de alimentos;
  • O ambiente precisa ter ventilação, mas o fluxo de ar não deve incidir diretamente sobre os alimentos;
  • Banheiros não devem ter comunicação direta com a área de produção. Esta, por sua vez, deve ter lavatório, lixo com pedal, sabonete líquido inodoro e coletor de papel descartável.

Equipamentos

  • Muitos casos de contaminações ocorrem dentro de equipamentos velhos. Por isso, é imprescindível ter maquinário novo, de fácil higienização e com programa de manutenção periódica ;
  • os utensílios usados na assepsia das instalações não podem ser os mesmos da higienização dos equipamentos e louças que entram em contato com o alimento.

Manipuladores

  • Com lesões ou doenças que prejudiquem a qualidade dos alimentos devem ser afastados até sua completa recuperação;
  • Devem se apresentar com uniformes limpos, trocados diariamente e usados apenas dentro do estabelecimento;
  • Este profissionais devem lavar suas mãos antes do expediente, antes/depois de encostar nos alimentos, depois de tocar em materiais contaminados e após a utilização dos banheiros. Cartazes de alerta sobre higiene alimentar devem ser afixados em área visível;
  • Os profissionais na cozinha não devem fumar, cantar, assobiar, cuspir, espirrar, tossir, falar em excesso ou manipular dinheiro;
  • Cabelos presos e protegidos por toucas e ausência de barba também são padrões citados na RDC 216.

Recepção e armazenamento

  • O recebimento dos insumos deve ser feito em área limpa e protegida;
  • Os alimentos recebidos devem ser avaliados na recepção. Todas as embalagens devem estar intactas e a temperatura das matérias-primas deve ser verificada imediatamente;
  • Materiais com embalagens violadas ou fora da validade devem ser devolvidos ao fornecedor;
  • O armazenamento deve ser feito em local limpo; todos os itens devem ser classificados.

Preparação do alimento

  • O processo de descongelamento deve cuidar para que as áreas externas dos alimentos não criem condições favoráveis à multiplicação de patógenos. O descongelamento deve ser feito em temperatura inferior a 5°C ou em forno micro-ondas (caso o produto seja levado imediatamente à cocção).
  • Devem ser adotadas medidas que impeçam a contaminação cruzada. Alimentos crus, semipreparados e prontos não devem ser misturados (algo fundamental na higiene alimentar);
  • Os profissionais da cozinha devem fazer a assepsia das mãos antes de manipular qualquer alimento;
  • Insumos perecíveis devem ser expostos à temperatura ambiente pelo menor tempo possível;
  • Materiais não usados integralmente devem retornar à geladeira com a correta embalagem e identificação com a descrição do produto e data de validade após início do uso;
  • O alimento que deva ser conservado em refrigeração (à temperatura igual/abaixo de 4°C) deve ser consumido em, no máximo, 5 dias. Quando a temperatura for superior a esse patamar, o prazo de consumo deve ser reduzido, evitando contaminações bacterianas;
  • O gerenciamento térmico no processo de produção de alimentos quentes deve assegurar que todas as partes do produto alcancem temperatura mínima de 70°C. Eis a necessidade de investir em fornos combinados de alta tecnologia , que aqueçam/assem/cozinhem os alimentos de forma homogênea;

Qual a importância e os principais problemas em higiene alimentar?

A importância de seguir as melhores práticas de higiene de alimentos vai muito além da lei. Quem escolhe trabalhar com alimentação (conforme dito acima, a verdadeira “poesia dos sabores”), deve atentar-se para que não somente as experiências sensoriais do prato apaixonem o cliente, mas também para que os momentos de prazer/convívio social dentro de seu estabelecimento tragam melhor qualidade nutricional e colaborem para uma melhor qualidade de vida.

Assim, é importante realizar as boas práticas , não porque é lei, mas porque ao escolher trabalhar com alimentação, escolhemos a responsabilidade com o bem-estar do outro. A implantação dessas práticas ajuda na redução de falhas no processo e de desperdícios durante a elaboração dos alimentos. Isso sem falar na melhora da imagem do negócio e de sua credibilidade.

Mesmo diante dessa importância, muitos restaurantes, bares, padarias e lanchonetes ainda subestimam a importância da higiene de alimentos. Com isso, é comum nas visitas sanitárias a autuação dos locais por falta de higienização de equipamentos, falta de procedimentos adequados no preparo dos alimentos e reaproveitamento inadequado dos preparos.

Como manter boas práticas de higiene alimentar?

Quem deseja mudar a história de seu estabelecimento deve começar realizando uma auto conferência com base na RDC 216. Após a implantação desses novos procedimentos, é importante fazer uma supervisão e auditoria constante. Haverá também a necessidade de treinar frequentemente os colaboradores.

Outro ponto fundamental é a qualidade dos equipamentos escolhidos. Você precisa de um ultracongelador que promova congelamento e resfriamento rápido de seus alimentos sem formar macrocristas nem favorecer a proliferação de microrganismos. Você precisa de um forno que dissemine o vapor nas cocções homogeneamente, com baixo consumo de energia e fácil higienização.

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O design é uma disciplina que envolve a criação, planejamento e execução de soluções para resolver um problema ou atender a uma necessidade específica. Ele abrange uma ampla variedade de campos e pode ser aplicado a produtos, serviços, ambientes, comunicações e interações. Não se limitando apenas à estética visual, embora isso seja uma parte importante. Ele também considera a funcionalidade, usabilidade, ergonomia e a experiência geral do usuário. O processo geralmente envolve a pesquisa, concepção, prototipagem, testes e implementação. Ele está em diversos aspectos da vida cotidiana, desde a embalagem de produtos que compramos até a interface de aplicativos que usamos e ele pode ser também aplicado nas padarias. Confira nosso conteúdo a seguir e aprenda mais sobre o assunto. Quais os princípios do design? Equilíbrio Simétrico: Distribuição equitativa de elementos de forma semelhante de ambos os lados de um eixo central. Assimétrico: Distribuição equilibrada de elementos visuais sem depender da simetria. Contraste Criação de diferenças visuais entre elementos, como cor, tamanho, forma ou textura, para destacar ou enfatizar. Alinhamento Posicionamento cuidadoso de elementos para garantir uma disposição ordenada e organizada. Repetição Utilização de padrões repetitivos para criar consistência e coesão visual. Ênfase Destaque de elementos importantes para chamar a atenção do espectador. Proporção Relação harmônica entre diferentes partes de um design, contribuindo para uma estética equilibrada. Hierarquia Organização visual de elementos para indicar a importância ou a ordem de leitura. Espaço Gerenciamento eficaz do espaço negativo e positivo para melhorar a legibilidade e a compreensão. Simplicidade Eliminação de elementos desnecessários para criar designs claros e diretos. Coesão Relacionamento visual entre elementos para garantir que o design funcione como uma unidade integrada. O Design aplicado às padarias Ao contrário do que se pensa, estas técnicas não se reservam apenas a projetos de grandes arquitetos mas podem ser perfeitamente aplicadas a todos os negócios e tanto a sua identidade quanto Atração Visual: quando bem pensado pode atrair a atenção, tornando a padaria mais convidativa e aumentando o potencial de atração de novos clientes. Identidade Forte: uma aplicação consistente com logotipos, esquemas de cores e outros elementos que distinguem a padaria no mercado. Experiência do Cliente Aprimorada: um design cuidadoso não se limita apenas à estética, mas também à experiência geral do cliente. Facilidade de Navegação: facilita a navegação dos clientes pela padaria. Isso pode resultar em uma experiência de compra mais agradável e eficiente. Destaque de Produtos: pode ser usado para destacar produtos específicos, promovendo itens. Isso pode influenciar as decisões de compra dos clientes. Credibilidade e Profissionalismo: quando bem executado transmite uma imagem de profissionalismo e atenção aos detalhes, o que pode aumentar a credibilidade. Diferenciação no Mercado: a aplicação eficaz dos princípios pode diferenciar a padaria de seus concorrentes, ajudando-a a se destacar e conquistar uma parcela do mercado. Comunicação Eficaz: sinalizações claras e comunicação visual, facilitam a transmissão de informações, promoções e ofertas especiais. Cuidados com design na padaria Excesso de móveis Estes não devem comprometer o espaço e a circulação dos clientes, e no caso de mesas e cadeiras, devem ser suficientes para acomodá-los. Paisagismo Se há uso de plantas e jardins naturais, estes devem ter rega, limpeza e manutenção constante para permanecerem bonitos. Uso de buffets Estes não devem "roubar" espaço e não prejudicar a circulação. Precisam ser dimensionados conforme a demanda e variedade do cardápio. Mesas e cadeiras extras Havendo falta, reavalie o espaço, remova itens e outros móveis, e disponibilize local para mais destas. Afinal, o cliente é mais importante. Manutenção de fachada Faça limpeza e manutenção periódica da fachada. Iluminação, comunicação visual, contatos, tudo deve estar visível. Exposição de materiais embaixo do balcão Embora possa ser visto como economia e aproveitamento de espaço, prefira manter materiais e embalagens guardados. Iluminação O propósito desta é tornar seu ambiente e produtos visíveis. Reveja o uso desta como decoração. Ademais, ela consome energia elétrica também. Tente usar mais luz natural nos seus projetos. Fotos e imagens Todas as fotos de produtos e decorativas devem estar em bom estado e atualizadas. Dê preferência às de seus próprios produtos. Freezers e geladeiras Devem estar posicionados estrategicamente aos produtos relacionados e ser suficientes para os produtos desejados. Itens e elementos decorativos Devem estar de acordo com o estilo do estabelecimento e não em excesso, desviando a atenção de seus produtos. Os sazonais devem ser removidos assim que passarem as datas comemorativas. Conveniência Concentre-se em itens que vendem juntamente com seus produtos e atendam à demanda dos clientes. Pisos Fique atento ao tipo, limpeza diária e conservação. Sempre que houver danos, programe a manutenção ou troca. Vitrines Estas precisam ser suficientes para variedade de produtos e repostas continuamente. Vitrine vazia não vende. Foco no produto O foco é a venda do que é produzido na padaria. Evite produtos e serviços que não complementem ou não vendam seus produtos. Frente de loja Um conceito que tem auxiliado as padarias, confeitarias e outros empreendimentos do ramo de alimentação é o uso de fornos vitrine na área de vendas. O objetivo desses equipamentos é assar produtos em menor quantidade, mas constantemente e com variedade. Dessa forma, seus clientes verão que há produtos frescos saindo a todo momento, e o aroma de pão é irresistível. Além disso, muitas pessoas desconhecem a fabricação do pão e, mesmo para aqueles que já conhecem, é muito atrativo, e sua padaria certamente chamará a atenção. Outro ponto positivo é que ao assar produtos em menores quantidades, eles se mantêm frescos e ocorre menor desperdício por itens que são assados além do necessário. Sobram, perdem a qualidade gradativamente e, depois, devem ser descartados. Conclusão Em síntese, ao considerarmos a importância do design nas padarias, compreendemos que a estética e a funcionalidade desempenham papéis cruciais na atração e fidelização de clientes. Desde a disposição dos produtos até a escolha de equipamentos como fornos vitrine, o design influencia diretamente na experiência do consumidor. A harmonia visual aliada à praticidade operacional não apenas agrega valor à padaria, mas também cria uma atmosfera convidativa. A implementação cuidadosa do design não só destaca a frescura e a variedade dos produtos, como também reduz desperdícios, promovendo a sustentabilidade no processo. Assim, ao reconhecermos a relevância do design, as padarias não apenas aprimoram seu apelo estético, mas também otimizam operações, conquistando clientes e assegurando um espaço distintivo no mercado gastronômico. E agora que tal aplicar os mesmos conceitos com na exposição de produtos? Clique aqui e veja nosso conteúdo sobre o vitrinismo. 
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