O desperdício de alimentos é um dos grandes problemas mundiais a serem combatidos. Enquanto mais de 30% da produção de alimentos é descartada, milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar. E para ajudar a combater isso, existe a gastronomia social. Você conhece?

Neste post você vai entender o conceito de gastronomia social. Além disso, vai poder conhecer dois grandes projetos que se fundamentam nesse conceito para auxiliar na administração do desperdício e fornecer alimentação saudável e conhecimento gastronômico para pessoas de baixa renda. Acompanhe e apoie!

A gastronomia social é um conceito criado a partir da necessidade de mudança na forma como o mundo administra os alimentos que são produzidos. Como visto acima, grande parte de tudo que é produzido em termos de alimentos é descartado para o lixo, segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO).

Conseguir fazer com que o excedente que existe nas cozinhas de todo o mundo seja redirecionado e aproveitado é algo com grande capacidade de transformação social. Isso porque a insegurança alimentar e a fome crescem a cada ano.

Só no Brasil , conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), existem cerca de 116,8 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Cerca de 20% dessas pessoas não possuem disponibilidade de alimentos na quantidade que seria suficiente, além de 9% que passam fome.

A gastronomia social, portanto, busca embasar projetos e promover a melhor administração dos alimentos produzidos para que cheguem à mesa das pessoas com qualidade e com a quantidade adequada.

Além disso, o conceito ainda serve para orientar ações que entendam que, através da gastronomia básica, econômica e sustentável, é possível obter fonte de renda. Sendo assim, há impulso em todos os sentidos, tanto no reaproveitamento de alimentos quanto no ensino do preparo para obter renda e ajudar a tirar famílias e pessoas do desemprego.

Para reforçar a importância e levar conscientização à população, foi escolhido o dia 1º de outubro como Dia Mundial da Gastronomia Social. A data foi eleita em 2017 no Fórum Econômico Mundial, na Suíça, e divide o mês com outras datas importantes, como o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza e o Dia Mundial da Alimentação, celebrados no dia 17 e 16 de outubro.

Sendo assim, a intenção e a importância da gastronomia social é difundir cada vez mais informação para engajar a população nesse grave problema que é a insegurança alimentar, a qual afeta drasticamente a vida da população.

Um dos projetos brasileiros que atuam com base na gastronomia social é o Gastromotiva. A Gastromotiva é uma organização que oferece formações profissionais para que seus alunos se tornem empreendedores, auxiliares e chefs de cozinha, replicadores da sua metodologia. Além de despertar em muitos deles a vontade de se tornarem mobilizadores comunitários, que gerem oportunidades locais e ações de combate à fome em seus territórios.

O responsável e criador do projeto, o chef de cozinha David Hertz, entende que a educação é um dos principais ingredientes para o desenvolvimento. Por isso, o projeto foca na capacitação para que os jovens de baixa renda possam ter maior condições de empregabilidade e uma forma de gerar renda.

Para tanto, o projeto oferece oportunidades para quem não conta com qualificação profissional. No Gastromotiva, os participantes aprendem tudo sobre segurança alimentar, ecogastronomia, habilidades básicas de cozinhas e aulas de cidadania.

Entre os resultados, existe um índice de 80% de empregabilidade depois da conclusão de cada curso oferecido. Além disso, atualmente, as aulas são ministradas em 3 locais, em São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro.

Além do projeto de educação, a organização também conta com um projeto para alimentar a população. O programa Cozinha Solidária Gastromotiva tem como objetivo atender diretamente à população, através da implantação de cozinhas comunitárias lideradas por microempreendedores, cozinheiros, lideranças locais, organizações sociais e coletivos. A produção de refeições é destinada para indivíduos e famílias em situação de insegurança alimentar.

Para que o projeto possa funcionar, ele conta com financiamento de institutos, fundações, empresas e de pessoas que querem apoiar a causa da gastronomia social.

Além do projeto mencionado acima, outro destaque é o Solidariedade Vegan , uma ação que trabalha a gastronomia social no Brasil. Nesse caso, o foco é a entrega de marmitas veganas para pessoas em situação de rua.

O projeto foi criado durante a pandemia , a qual fez aumentar a insegurança alimentar da população em vulnerabilidade social. Dessa forma, Vivi Torrico e João Gordo tiveram essa iniciativa e fizeram questão de introduzir o veganismo no cardápio.

Com um cardápio vegano, além de ajudar na causa da gastronomia social, eles ainda promovem uma alimentação saudável e com respeito a todas as formas de vida. Sendo assim, não ter carne ou alimentos de origem animal é uma escolha que apoia as causas animalistas e ambientais.

O projeto sobrevive com doações que podem ser feitas pela internet com valores variados de acordo com a disponibilidade de cada um. A meta é arrecadar R$50.000,00 por mês para custear as marmitas.

Além disso, o projeto aceita doações de alimentos, embalagens e até mesmo de máscaras e álcool em gel, que são materiais também entregues às pessoas em situação de rua.

No início do projeto, a oferta de refeições tinha a meta de 80 ao dia. Mas logo esse número cresceu e a média de entrega é de 150 a 200 marmitas por dia.

Como você pôde ver nos dois exemplos de projetos de gastronomia social, cada um trabalha para suprir uma necessidade social. O primeiro tem foco na geração de oportunidades de trabalho e renda. Já o segundo atua no resultado do problema, que é diretamente a fome. Além deles, existem diversos outros projetos em andamento pelo Brasil. Desse modo, é cada vez maior a disseminação da luta pelo combate ao desperdício e à fome.

Concluindo, a gastronomia social busca transformar vidas que estão em vulnerabilidade, mudando a forma como ocorre a relação entre a produção de alimentos, a gastronomia e a saúde da população.

Já conhecia esse conceito e sabia que o aproveitamento máximo dos alimentos é uma tendência? Conheça também outras ideias que estarão em alta no mercado gastronômico em 2022.

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