Pão francês: você conhece as normas da ABNT para a produção?

Prática • ago. 30, 2021

Aperfeiçoamento e redução de desperdícios no momento de preparar alimentos fazem parte das regras básicas de qualquer estabelecimento que trabalhe com fornecimento de produtos no ramo da panificação, confeitaria, entre outros.

Hoje, o assunto da vez é o pão francês! Queridinho da mesa de milhares de brasileiros, pelo sabor, aroma e crocância característicos desse tipo de pão , é um dos principais responsáveis por impulsionar a movimentação dos clientes em padarias e confeitarias.

Visando aprimorar a qualidade do pão francês oferecido nos estabelecimentos brasileiros, foram estabelecidas normas de legislação padronizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Neste post vamos explicar as normas, a importância e porque se adequar a elas pode ser um diferencial para o negócio.

Pão francês no Brasil

No Brasil, dependendo da região, esse pão também é conhecido como pão careca, pão de sal, pão cacetinho, entre outros. Já a composição é basicamente a mesma: farinha de trigo, fermento biológico, água, melhorador de farinha, podendo haver outros aditivos como açúcar ou gordura.

O fato é que os resultados não são iguais e se a qualidade não for de agrado do paladar do consumidor, sem dúvida ele vai procurar um estabelecimento que corresponda às suas expectativas. É aqui que entra a importância das normas de padronização, já que elas são focadas em melhorar a qualidade do produto.

ABNT NBR 16170 – Normas para o pão tipo francês

Dentre as avaliações contempladas na Norma, deve-se observar as características internas, externas e sensoriais.

Características externas:

  • crosta: cor, pestana, crocância e aspecto;
  • aparência: integridade e simetria.

Características internas:

  • miolo: cor, textura e estrutura de células.

Características sensoriais:

  • aroma
  • sabor
  • resiliência (se o pão sofre deformidade ou não)

Dessa forma, conforme a norma, a massa deve ser produzida tendo como base os ingredientes essenciais: farinha de trigo, água e fermento biológico. A casca deve ser crocante, com pestana e o miolo branco. O peso pode variar entre 50 e 60 gramas e, uma vez assado, deve-se manter a integridade do pão, sem adição de coberturas ou adição de outros tipos de farinha ou amidos.

A seguir, vamos apresentar as seis etapas contempladas para a produção de pão francês, segundo a NBR 16170

Etapa 1: mistura

Nessa etapa deve-se executar a separação e pesagem dos ingredientes e colocá-los na amassadeira ou masseira, sendo recomendada a seguinte ordem:

  • farinha e fermento seco
  • açúcar, melhorador ou reforçador
  • água gelada (de preferência de 2 °C a 5 °C)
  • gelo em flocos
  • sal
  • gordura

Observações: caso o fermento seja fresco, deve ser colocado por último. Além disso, é importante a utilização de água gelada e gelo em flocos, para evitar que a fermentação ocorra de forma acelerada, uma vez que vivemos em um país de clima predominantemente tropical.

Etapa 2: descanso I

Para essa etapa é recomendável:

  • bolear a massa
  • cobrir com plástico filme para evitar que resseque

Etapa 3: cilindragem

Havendo preferência regional por pão cilindrado, é importante realizar o processo apenas o suficiente para uniformizar a massa. Isso porque quanto mais cilindramos a massa, mais compacto será o miolo do pão.

É bom regular também o uso da farinha aplicada no cilindro, para manter o balanceamento da receita e a hidratação correta, além de economizar com farinha.

O sugerido é dividir a massa em partes e volumes iguais, em geral utilizando divisoras semiautomáticas ou grupos automáticos, que realizam a etapa de divisão e modelagem de forma automatizada.

Etapa 4: modelagem

Essa etapa pode ser realizada em máquinas modeladoras e deve contemplar três fases:

  • laminação, buscando uniformizar o tamanho da massa
  • enrolamento, para enrolar em números variados de dobra
  • alongamento, para unir os pontos de dobra na massa, também chamado de “selar”

Com isso, é possível obter a simetria do pão, pois o gás ficará retido no interior da massa. As modeladoras automáticas conseguem realizar essas três fases de forma automatizada.

Etapa 5: fermentação

Essa é a etapa responsável tanto pela aceleração do processo de fermentação da massa, possibilitando o crescimento adequado dela, quanto para contribuir para a formação do sabor e aroma do pão.

Um equipamento ideal para essa etapa é a câmara de fermentação, que conta com controle de umidade e temperatura, o que permite ao panificador controlar a fermentação, independentemente do clima do ambiente.

Etapa 6: forneamento

Aqui se dá a etapa final do processo, com a qual é possível obter a cocção, coloração e crosta características do pão francês, observando-se os seguintes passos:

  • incisão: é o corte dado na superfície da massa, quando esta já está modelada no formato do pão e fermentada, para formar a pestana. Para o corte, deve-se utilizar um bisturi com a lâmina inclinada no lado oposto ao da última dobra.;
  • forno e vaporização: colocar a massa no forno pré-aquecido e vaporizado;
  • cozimento: a temperatura do forno pode variar de 200 a 220 graus e, dependendo do forno, o tempo pode ser entre 18 e 20 minutos.

O que o pão francês representa em números

O Guia de Implementação – Pão Tipo Francês – Diretrizes para Avaliação da Qualidade e Classificação apresenta dados relevantes ao constatar que, em uma padaria, o pão francês é um produto essencial.

Para ter uma ideia, a produção própria das empresas de panificação é responsável por:

  • 52% do faturamento
  • 40% desse percentual corresponde ao pão francês
  • 83% é quanto somam os pães artesanais, sendo 42% de pães tipo francês

Numa padaria, 23% de todo o lucro bruto vem das vendas de pão francês. Com isso, vemos que o queridinho dos brasileiros não somente gera fluxo de clientes, como dito inicialmente, mas também representa, em termos financeiros, uma boa parte do faturamento.

Conclusão

Com este conteúdo buscamos apresentar as normas da ABNT para a produção de pão francês, indicando a importância da sua aplicação para garantir um produto de qualidade, garantindo, assim, um aumento relevante no volume de vendas do seu empreendimento, ao conquistar o gosto dos clientes.

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O design é uma disciplina que envolve a criação, planejamento e execução de soluções para resolver um problema ou atender a uma necessidade específica. Ele abrange uma ampla variedade de campos e pode ser aplicado a produtos, serviços, ambientes, comunicações e interações. Não se limitando apenas à estética visual, embora isso seja uma parte importante. Ele também considera a funcionalidade, usabilidade, ergonomia e a experiência geral do usuário. O processo geralmente envolve a pesquisa, concepção, prototipagem, testes e implementação. Ele está em diversos aspectos da vida cotidiana, desde a embalagem de produtos que compramos até a interface de aplicativos que usamos e ele pode ser também aplicado nas padarias. Confira nosso conteúdo a seguir e aprenda mais sobre o assunto. Quais os princípios do design? Equilíbrio Simétrico: Distribuição equitativa de elementos de forma semelhante de ambos os lados de um eixo central. Assimétrico: Distribuição equilibrada de elementos visuais sem depender da simetria. Contraste Criação de diferenças visuais entre elementos, como cor, tamanho, forma ou textura, para destacar ou enfatizar. Alinhamento Posicionamento cuidadoso de elementos para garantir uma disposição ordenada e organizada. Repetição Utilização de padrões repetitivos para criar consistência e coesão visual. Ênfase Destaque de elementos importantes para chamar a atenção do espectador. Proporção Relação harmônica entre diferentes partes de um design, contribuindo para uma estética equilibrada. Hierarquia Organização visual de elementos para indicar a importância ou a ordem de leitura. Espaço Gerenciamento eficaz do espaço negativo e positivo para melhorar a legibilidade e a compreensão. Simplicidade Eliminação de elementos desnecessários para criar designs claros e diretos. Coesão Relacionamento visual entre elementos para garantir que o design funcione como uma unidade integrada. O Design aplicado às padarias Ao contrário do que se pensa, estas técnicas não se reservam apenas a projetos de grandes arquitetos mas podem ser perfeitamente aplicadas a todos os negócios e tanto a sua identidade quanto Atração Visual: quando bem pensado pode atrair a atenção, tornando a padaria mais convidativa e aumentando o potencial de atração de novos clientes. Identidade Forte: uma aplicação consistente com logotipos, esquemas de cores e outros elementos que distinguem a padaria no mercado. Experiência do Cliente Aprimorada: um design cuidadoso não se limita apenas à estética, mas também à experiência geral do cliente. Facilidade de Navegação: facilita a navegação dos clientes pela padaria. Isso pode resultar em uma experiência de compra mais agradável e eficiente. Destaque de Produtos: pode ser usado para destacar produtos específicos, promovendo itens. Isso pode influenciar as decisões de compra dos clientes. Credibilidade e Profissionalismo: quando bem executado transmite uma imagem de profissionalismo e atenção aos detalhes, o que pode aumentar a credibilidade. Diferenciação no Mercado: a aplicação eficaz dos princípios pode diferenciar a padaria de seus concorrentes, ajudando-a a se destacar e conquistar uma parcela do mercado. Comunicação Eficaz: sinalizações claras e comunicação visual, facilitam a transmissão de informações, promoções e ofertas especiais. Cuidados com design na padaria Excesso de móveis Estes não devem comprometer o espaço e a circulação dos clientes, e no caso de mesas e cadeiras, devem ser suficientes para acomodá-los. Paisagismo Se há uso de plantas e jardins naturais, estes devem ter rega, limpeza e manutenção constante para permanecerem bonitos. Uso de buffets Estes não devem "roubar" espaço e não prejudicar a circulação. Precisam ser dimensionados conforme a demanda e variedade do cardápio. Mesas e cadeiras extras Havendo falta, reavalie o espaço, remova itens e outros móveis, e disponibilize local para mais destas. Afinal, o cliente é mais importante. Manutenção de fachada Faça limpeza e manutenção periódica da fachada. Iluminação, comunicação visual, contatos, tudo deve estar visível. Exposição de materiais embaixo do balcão Embora possa ser visto como economia e aproveitamento de espaço, prefira manter materiais e embalagens guardados. Iluminação O propósito desta é tornar seu ambiente e produtos visíveis. Reveja o uso desta como decoração. Ademais, ela consome energia elétrica também. Tente usar mais luz natural nos seus projetos. Fotos e imagens Todas as fotos de produtos e decorativas devem estar em bom estado e atualizadas. Dê preferência às de seus próprios produtos. Freezers e geladeiras Devem estar posicionados estrategicamente aos produtos relacionados e ser suficientes para os produtos desejados. Itens e elementos decorativos Devem estar de acordo com o estilo do estabelecimento e não em excesso, desviando a atenção de seus produtos. Os sazonais devem ser removidos assim que passarem as datas comemorativas. Conveniência Concentre-se em itens que vendem juntamente com seus produtos e atendam à demanda dos clientes. Pisos Fique atento ao tipo, limpeza diária e conservação. Sempre que houver danos, programe a manutenção ou troca. Vitrines Estas precisam ser suficientes para variedade de produtos e repostas continuamente. Vitrine vazia não vende. Foco no produto O foco é a venda do que é produzido na padaria. Evite produtos e serviços que não complementem ou não vendam seus produtos. Frente de loja Um conceito que tem auxiliado as padarias, confeitarias e outros empreendimentos do ramo de alimentação é o uso de fornos vitrine na área de vendas. O objetivo desses equipamentos é assar produtos em menor quantidade, mas constantemente e com variedade. Dessa forma, seus clientes verão que há produtos frescos saindo a todo momento, e o aroma de pão é irresistível. Além disso, muitas pessoas desconhecem a fabricação do pão e, mesmo para aqueles que já conhecem, é muito atrativo, e sua padaria certamente chamará a atenção. Outro ponto positivo é que ao assar produtos em menores quantidades, eles se mantêm frescos e ocorre menor desperdício por itens que são assados além do necessário. Sobram, perdem a qualidade gradativamente e, depois, devem ser descartados. Conclusão Em síntese, ao considerarmos a importância do design nas padarias, compreendemos que a estética e a funcionalidade desempenham papéis cruciais na atração e fidelização de clientes. Desde a disposição dos produtos até a escolha de equipamentos como fornos vitrine, o design influencia diretamente na experiência do consumidor. A harmonia visual aliada à praticidade operacional não apenas agrega valor à padaria, mas também cria uma atmosfera convidativa. A implementação cuidadosa do design não só destaca a frescura e a variedade dos produtos, como também reduz desperdícios, promovendo a sustentabilidade no processo. Assim, ao reconhecermos a relevância do design, as padarias não apenas aprimoram seu apelo estético, mas também otimizam operações, conquistando clientes e assegurando um espaço distintivo no mercado gastronômico. E agora que tal aplicar os mesmos conceitos com na exposição de produtos? Clique aqui e veja nosso conteúdo sobre o vitrinismo. 
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