Reposição de estoque: 6 dicas para fazer no seu restaurante

Prática • fev. 10, 2020

A reposição de estoque tem papel crucial no sucesso das empresas, uma vez que atuam como verdadeiros reguladores do fluxo de negócios.

Especialmente no food service, a reposição de estoque ganha importância central na sustentabilidade financeira, considerando que a margem de lucro apertada desse segmento (mínima de 4%  para manter a saúde do estabelecimento) não permite deteriorações, avarias ou excesso de itens alocados.

O ideal seria que os estoques nem sequer existissem, já que matéria-prima no depósito significa dinheiro parado (que poderia estar sendo investido no crescimento do próprio restaurante).

Entretanto, partindo do conhecimento de que não dá para produzir no modelo Just in Time  (compra de insumos na estrita medida dos pedidos), é preciso desenvolver mecanismos de previsibilidade da demanda.

Mas como saber antecipadamente qual será o volume de visitas em seu food service ? Ou ainda: como saber o que vão pedir (portanto, qual é a quantidade exata de ingredientes a adquirir), não caindo no risco de desabastecimento nem de perda de produtos por ultrapassagem da validade?

Essas e outras dúvidas vamos esclarecer agora! Confira!

Por que é importante gerir o estoque de forma eficaz?

Fazendo uma pesquisa pela literatura especializada em gestão de restaurantes , constatamos que os custos com insumos representam entre 30% e 40% de todas as despesas de um restaurante. Isso já indica por que a reposição de estoque é o centro de um food service de excelência.

Segundo o professor Tom Powers, em “ Administração no Setor de Hospitalidade ”, um estabelecimento de alimentação fora do lar pode até mesmo ultrapassar a margem dos 40% com ingredientes para a produção dos pratos, margem elevada que, se não bem gerenciada, pode inclusive carimbar a falência do negócio em menos de 2 anos.

Um controle de estoques é a chave do sucesso empresarial porque conecta duas áreas críticas: produção e planejamento. Quando esse gerenciamento é feito com precisão, a empresa deixa de retirar recursos do caixa e, ao mesmo tempo, cria instrumentos de proteção contra rupturas.

Em resumo, gasta-se estritamente o necessário. Com isso, o estabelecimento se capitaliza para ter sempre as melhores marcas, os melhores profissionais e, obviamente, os melhores equipamentos. É a reposição de estoque que desencadeia o fluxo de gestão inteligente  que diferencia os concorrentes vencedores. Mas como fazer esse exercício de futurologia?

6 dicas para fazer reposição de estoque de excelência

Existem inúmeras variáveis que cercam a previsão de demanda de um estoque de perecíveis. Flutuações sazonais no consumo, aumento de custos por problemas de safra , prazos de validade e lead time  são alguns dos fatores que devem ser considerados no dimensionamento e reposição do estoque.

Mas calma, você não precisa se entregar ao empirismo gerencial. Na verdade, é exatamente o achismo que destrói o sistema de suprimentos de muitos restaurantes. Entre estratégias de gestão e ferramentas de predição de estoques, vale a pena se atentar aos 6 fatores abaixo relacionados.

1. Cuidado extremo ao Estoque de Segurança

Estoque de segurança é o abastecimento mínimo que um depósito precisa ter para dar conta de sua demanda enquanto os novos pedidos não são entregues. Ele está, portanto, intimamente relacionado à demanda e à velocidade de reposição.

É calculado pela seguinte fórmula:

ES = DM × TR

Onde:

  • DM = demanda média
  • TR = tempo de reposição (tempo que passa do pedido até a chegada da matéria-prima no estoque).

Exemplo:

Um bistrô vende 40 garrafas de cerveja importada por dia, sendo que os novos pedidos são entregues 1 vez na semana (a cada 7 dias). Nesse caso, temos:

ES = DM ×  TR

ES =  40 ×  7

ES = 280 garrafas

2. Criação do hábito de calcular o Tempo de Ressuprimento

Também chamado de Ponto de Pedido, trata-se do momento que, quando atingido, gera automaticamente a necessidade de reposição de estoque . É calculado da seguinte forma:

PP = ES + (CM x TR)

Onde:

  • ES = Estoque de segurança
  • CM = Consumo médio
  • TR = Tempo de reposição

Exemplo: um restaurante chinês tem como prato principal o “Kung Pao Chicken” (frango em pedacinhos coberto por amendoim, óleo de gergelim e pimentas variadas), servido geralmente com sopa chinesa de vegetais.

Esse prato exige uma certa quantidade de peito de frango desossado e, considerando a média de pedidos diários dessa iguaria, utiliza-se em torno de 8 kg dessa carne para a produção de todos os pratos do dia. Considere também que o tempo de reposição dessa proteína seja de 2 dias, e que o estoque de segurança seja de 20 kg. Temos então como Ponto de Pedido:

PP = ES + (CM x TR)

PP= 20 + (8 x 2)

PP= 20 + 16 = 36 kg de peito de frango.

Ou seja, sempre que o estoque de aves atingir 36 kg, deve ser disparado um novo pedido de reposição de estoque.

3. Respeito ao FEFO na reposição de estoque

A sigla é esquisita, mas seu significado é um dos principais mantras de um restaurante: First-Expire, First Out. Isso quer dizer que a ordem de retirada dos produtos do setor de suprimentos  deve respeitar  a ordem de validade dos produtos (“Primeiro a Vencer, Primeiro a Sair”).

Essa metodologia pode implicar em algumas mudanças em seu depósito. A disposição dos itens deve observar a validade (insumos mais próximos de vencer devem ficar mais à frente na prateleira). Além disso, os produtos podem ser catalogados em um sistema de gestão, de modo que uma simples consulta ao software aponte quais unidades devem ser usadas de forma prioritária.

4. Uso de sistema para reposição de estoque

Falamos acima sobre o uso de uma solução eletrônica para suprimentos. Você viu também que a previsão de reposição de estoque envolve cálculos que podem ser complexos, considerando que você tem que repeti-los a cada item em seu depósito.

Para piorar, existem ainda outros indicadores fundamentais para controle de estoque, como Giro dos Estoques e média móvel de consumo . Você pode substituir todo o trabalho de fazer esse monte de contas por um sistema que faça tudo isso para você.

Com a inserção dos dados no sistema, a solução cruza dados e fórmulas, indicando quando fazer um novo pedido (existem sistemas de gestão para restaurantes que apontam até a quantidade exata de ingrediente a utilizar em cada prato).

5. Mensuração de perdas na reposição de estoques

Quantos quilos de alimentos seu bar, lanchonete, restaurante ou food service  joga fora diariamente com o desperdício de seus clientes? É preciso monitorar a taxa de sobras por prato para redesenhar um menu que esteja alinhado com as necessidades de seu consumidor.

Calcule o peso total de restos de alimentos que são jogados no lixo todos os dias, bem como o percentual de sobra por item de seu cardápio. Com isso, você tem subsídio para entender se o problema é a simples troca de um ingrediente  (que não caiu no gosto do cliente) ou mesmo a redução nas quantidades das porções.

Vale lembrar que a cobrança de taxa de desperdício viola o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, podendo inclusive resultar em multas que podem passar de R$ 1 milhão .

6. Uso de equipamentos que aumentem o “shelf life” de seus insumos

Shelf life é o tempo de prateleira, ou seja, o tempo que seus ingredientes permanecem à disposição para serem utilizados na produção, sem qualquer nível de deterioração. O assunto é particularmente importante porque, em muitos estabelecimentos, o percentual de desperdício mais elevado não vem do cliente, mas das próprias perdas na estocagem.

O armazenamento de produtos em um freezer comum, por exemplo, acarreta uma lentidão no processo de congelamento que facilita a proliferação de microrganismos.

A formação de cristais, decorrentes do congelamento de líquidos e vapores quentes, também altera a estrutura molecular do alimento, levando embora parte do sabor, do cheiro e da cor natural do produto.

Você consegue sanar essas imperfeições trocando o freezer por um ultracongelador , que permite que um alimento, ainda quente, tenha sua temperatura no núcleo reduzida a -18°C em menos de 1 hora. Essa velocidade de congelamento reduz o crescimento bacteriano e mantém as propriedades naturais do produto (aumentando o shelf life).

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O design é uma disciplina que envolve a criação, planejamento e execução de soluções para resolver um problema ou atender a uma necessidade específica. Ele abrange uma ampla variedade de campos e pode ser aplicado a produtos, serviços, ambientes, comunicações e interações. Não se limitando apenas à estética visual, embora isso seja uma parte importante. Ele também considera a funcionalidade, usabilidade, ergonomia e a experiência geral do usuário. O processo geralmente envolve a pesquisa, concepção, prototipagem, testes e implementação. Ele está em diversos aspectos da vida cotidiana, desde a embalagem de produtos que compramos até a interface de aplicativos que usamos e ele pode ser também aplicado nas padarias. Confira nosso conteúdo a seguir e aprenda mais sobre o assunto. Quais os princípios do design? Equilíbrio Simétrico: Distribuição equitativa de elementos de forma semelhante de ambos os lados de um eixo central. Assimétrico: Distribuição equilibrada de elementos visuais sem depender da simetria. Contraste Criação de diferenças visuais entre elementos, como cor, tamanho, forma ou textura, para destacar ou enfatizar. Alinhamento Posicionamento cuidadoso de elementos para garantir uma disposição ordenada e organizada. Repetição Utilização de padrões repetitivos para criar consistência e coesão visual. Ênfase Destaque de elementos importantes para chamar a atenção do espectador. Proporção Relação harmônica entre diferentes partes de um design, contribuindo para uma estética equilibrada. Hierarquia Organização visual de elementos para indicar a importância ou a ordem de leitura. Espaço Gerenciamento eficaz do espaço negativo e positivo para melhorar a legibilidade e a compreensão. Simplicidade Eliminação de elementos desnecessários para criar designs claros e diretos. Coesão Relacionamento visual entre elementos para garantir que o design funcione como uma unidade integrada. O Design aplicado às padarias Ao contrário do que se pensa, estas técnicas não se reservam apenas a projetos de grandes arquitetos mas podem ser perfeitamente aplicadas a todos os negócios e tanto a sua identidade quanto Atração Visual: quando bem pensado pode atrair a atenção, tornando a padaria mais convidativa e aumentando o potencial de atração de novos clientes. Identidade Forte: uma aplicação consistente com logotipos, esquemas de cores e outros elementos que distinguem a padaria no mercado. Experiência do Cliente Aprimorada: um design cuidadoso não se limita apenas à estética, mas também à experiência geral do cliente. Facilidade de Navegação: facilita a navegação dos clientes pela padaria. Isso pode resultar em uma experiência de compra mais agradável e eficiente. Destaque de Produtos: pode ser usado para destacar produtos específicos, promovendo itens. Isso pode influenciar as decisões de compra dos clientes. Credibilidade e Profissionalismo: quando bem executado transmite uma imagem de profissionalismo e atenção aos detalhes, o que pode aumentar a credibilidade. Diferenciação no Mercado: a aplicação eficaz dos princípios pode diferenciar a padaria de seus concorrentes, ajudando-a a se destacar e conquistar uma parcela do mercado. Comunicação Eficaz: sinalizações claras e comunicação visual, facilitam a transmissão de informações, promoções e ofertas especiais. Cuidados com design na padaria Excesso de móveis Estes não devem comprometer o espaço e a circulação dos clientes, e no caso de mesas e cadeiras, devem ser suficientes para acomodá-los. Paisagismo Se há uso de plantas e jardins naturais, estes devem ter rega, limpeza e manutenção constante para permanecerem bonitos. Uso de buffets Estes não devem "roubar" espaço e não prejudicar a circulação. Precisam ser dimensionados conforme a demanda e variedade do cardápio. Mesas e cadeiras extras Havendo falta, reavalie o espaço, remova itens e outros móveis, e disponibilize local para mais destas. Afinal, o cliente é mais importante. Manutenção de fachada Faça limpeza e manutenção periódica da fachada. Iluminação, comunicação visual, contatos, tudo deve estar visível. Exposição de materiais embaixo do balcão Embora possa ser visto como economia e aproveitamento de espaço, prefira manter materiais e embalagens guardados. Iluminação O propósito desta é tornar seu ambiente e produtos visíveis. Reveja o uso desta como decoração. Ademais, ela consome energia elétrica também. Tente usar mais luz natural nos seus projetos. Fotos e imagens Todas as fotos de produtos e decorativas devem estar em bom estado e atualizadas. Dê preferência às de seus próprios produtos. Freezers e geladeiras Devem estar posicionados estrategicamente aos produtos relacionados e ser suficientes para os produtos desejados. Itens e elementos decorativos Devem estar de acordo com o estilo do estabelecimento e não em excesso, desviando a atenção de seus produtos. Os sazonais devem ser removidos assim que passarem as datas comemorativas. Conveniência Concentre-se em itens que vendem juntamente com seus produtos e atendam à demanda dos clientes. Pisos Fique atento ao tipo, limpeza diária e conservação. Sempre que houver danos, programe a manutenção ou troca. Vitrines Estas precisam ser suficientes para variedade de produtos e repostas continuamente. Vitrine vazia não vende. Foco no produto O foco é a venda do que é produzido na padaria. Evite produtos e serviços que não complementem ou não vendam seus produtos. Frente de loja Um conceito que tem auxiliado as padarias, confeitarias e outros empreendimentos do ramo de alimentação é o uso de fornos vitrine na área de vendas. O objetivo desses equipamentos é assar produtos em menor quantidade, mas constantemente e com variedade. Dessa forma, seus clientes verão que há produtos frescos saindo a todo momento, e o aroma de pão é irresistível. Além disso, muitas pessoas desconhecem a fabricação do pão e, mesmo para aqueles que já conhecem, é muito atrativo, e sua padaria certamente chamará a atenção. Outro ponto positivo é que ao assar produtos em menores quantidades, eles se mantêm frescos e ocorre menor desperdício por itens que são assados além do necessário. Sobram, perdem a qualidade gradativamente e, depois, devem ser descartados. Conclusão Em síntese, ao considerarmos a importância do design nas padarias, compreendemos que a estética e a funcionalidade desempenham papéis cruciais na atração e fidelização de clientes. Desde a disposição dos produtos até a escolha de equipamentos como fornos vitrine, o design influencia diretamente na experiência do consumidor. A harmonia visual aliada à praticidade operacional não apenas agrega valor à padaria, mas também cria uma atmosfera convidativa. A implementação cuidadosa do design não só destaca a frescura e a variedade dos produtos, como também reduz desperdícios, promovendo a sustentabilidade no processo. Assim, ao reconhecermos a relevância do design, as padarias não apenas aprimoram seu apelo estético, mas também otimizam operações, conquistando clientes e assegurando um espaço distintivo no mercado gastronômico. E agora que tal aplicar os mesmos conceitos com na exposição de produtos? Clique aqui e veja nosso conteúdo sobre o vitrinismo. 
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