Gestão financeira para restaurantes: 4 dicas para ter sucesso!

Prática • out. 28, 2019

Você trabalha com food service? É gestor ou dono de negócio no varejo alimentício? Como anda o nível de profissionalização da gestão financeira? Estima-se que haja cerca de 1 milhão de bares e restaurantes no Brasil, número que cresce com a vida nas grandes cidades. Às vezes, o segmento de alimentação fora do lar até se descola do cenário nacional, como em 2018, quando, mesmo com PIB de 1,1% , cresceu 3,5%  (com expectativa de expansão de 5% em 2019).

Mas, ainda que o mercado tenha colhido bons resultados nos últimos anos, a taxa de mortalidade nesse ramo é contraditoriamente alta até em períodos de economia superaquecida. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 50%  dos estabelecimentos de gastronomia fecham as portas em 2 anos. O problema: falta de gestão financeira pra restaurantes. Pensando nessa dificuldade, colhemos dicas de especialistas sobre como dar excelência ao controle financeiro no food service! Confira!

Por que a gestão financeira para restaurantes é essencial?

O setor de bares e restaurantes é considerado equivocadamente um dos mais simples. Algum talento culinário, a possibilidade sedutora de largar a burocracia de um emprego monótono (em nome do prazer de fazer o que gosta) ou mesmo a fama de alguns empresários bem-sucedidos são alguns fatores que estimulam muita gente a entrar no ramo gastronômico.

O ponto é que, ao contrário do que se imagina, o setor de alimentação fora do lar exige planejamento e gestão minuciosa, dado que, além dos desafios naturais de um negócio tradicional (como dificuldades na concessão de crédito), há questões particulares do segmento, como a difícil tarefa de fazer gestão de estoque de perecíveis e as margens estreitas de lucro .

É diante dessas questões que a gestão financeira pra restaurantes se torna o fiel da balança entre empresas de sucesso e estagnadas, especialmente porque a maioria dos representantes do ramo são de pequeno/médio porte.

Por atuarem muito próximos aos clientes, de forma geral, os gestores da área de alimentação fora do lar acabam se acostumando a tomar decisões com base em intuição (na formação dos preços de venda, criação de um cardápio  que alie sabor aos limites financeiros da empresa etc.), o que, evidentemente, prejudica a gestão de custos do restaurante.

Controle financeiro na gastronomia deve partir do princípio de não renunciar a liquidez (garantia de que o dinheiro no caixa será suficiente para pagar todos os compromissos). A partir disso, deve-se trocar o achismo por um nível quase científico de condução do estabelecimento:

  • contas bancárias separadas entre pessoa física (dono) e pessoa jurídica (restaurante);
  • engenharia de cardápio feita pensando no melhor aproveitamento da sazonalidade dos alimentos;
  • sistemas de estoque implementados para reduzir itens excedentes/derrubar taxas de perda.

4 dicas para se organizar financeiramente

1. Acompanhe de perto o fluxo de caixa

O fluxo de caixa é um poderoso instrumento de gestão de restaurantes , já que mostra o saldo de caixa e os recebíveis no curto prazo de modo simplificado (sem o detalhamento da DRE), além de projetar para períodos futuros as possíveis entradas/saídas.

Esse conjunto de informações fortalece a tomada de decisão, tornando-a mais estratégica e retirando, portanto, a condução dos rumos do restaurante (food truck, bar ou lanchonete) do perigoso campo da suposição. O primeiro passo para fazer um fluxo de caixa é registrar as saídas. Você pode dividi-las em:

  • fornecedores: gastos com compra de matéria-prima , máquinas e utensílios;
  • despesas: gastos administrativos, como internet, salários etc.;
  • demais despesas: amortização de financiamentos e pagamento de tributos.

Em seguida, você deve trazer à planilha suas entradas (preenchimento diário):

  • saldo em caixa;
  • saldo em conta bancária;
  • recebimento de compras no cartão (30 dias).

Exemplo simplificado de um fluxo de caixa:

  1/10 2/10
TOTAL DE ENTRADAS R$ 24.170,00 R$ 23.895,00
Vendas no cartão de crédito R$ 2.570,00 R$ 2.720,00
Vendas em dinheiro R$ 1.600,00 R$ 1.325,00
Saldo em caixa R$ 5.000,00 R$ 4.850,00
Saldo em conta bancária R$ 15.000,00 R$ 15.000,00
     
TOTAL DE SAÍDAS R$ 11.500,00 R$ 10.000,00
Fornecedores R$ 8.000,00 R$ 6.500,00
Salário/férias/rescisões R$ 3.500,00 R$ 3.500,00
     
SALDO OPERACIONAL R$ 12.670,00 R$ 13.895,00

2. Faça cuidadosamente o controle de estoque

Uma boa gestão de estoques trabalha inteiramente com dados. Série histórica de uso de ingredientes, giro de estoques e estratégias de retirada de produtos (como “FEFO – First Expire, First Out”, que sistematiza a hierarquia dos perecíveis para evitar perda de validade) são alguns recursos possíveis para dar mais eficiência à sua área de suprimentos e, com isso, reduzir custos no restaurante .

Há ainda um oceano de indicadores, como Ponto de Pedido e Lote Econômico de Compra, os quais devem ser trabalhados por meio de sistemas de gestão para restaurantes.

3. Não abra mão de um Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE)

DRE e fluxo de caixa na gestão financeira pra restaurantes são ferramentas completamente diferentes (e, portanto, com utilidades distintas). De início, cabe lembrar que o segundo trabalha com regime de caixa, perspectiva segundo a qual as entradas/saídas são computadas quando realmente ocorrem. Isso é importante para indicar suas disponibilidades em tempo real.

Já um DRE é elaborado sob o regime de competência, abordagem marcada pelo cômputo de ingressos/dispêndios na data do fato gerador, não importando quando uma mercadoria será efetivamente paga ou quando o valor pago por um cliente no cartão de crédito vai, de fato, ser depositado em sua conta.

Com isso, um Demonstrativo de Resultados do Exercício oferece uma visão mais completa da saúde financeira do restaurante, até porque o fato de ter dinheiro no caixa não significa que o estabelecimento está no azul (visto que esse montante pode estar comprometido). Para isso, é importante saber  como fazer um DRE .

4. Tenha sempre atualizado seu balanço patrimonial

O balanço será a bússola das mutações patrimoniais de sua empresa ao longo de cada exercício. Ele entrega matematicamente a “foto” do patrimônio em determinado ano fiscal, sendo composto pelo ativo (bens e direitos), passivo (obrigações) e patrimônio líquido. Embora seja mais aplicável à área contábil, a análise do balanço, em conjunto com outros instrumentos, é crucial para uma gestão financeira pra restaurantes de excelência.

No caso específico de um bar, lanchonete, restaurante e até food truck, o balanço deverá conter todos os seus bens (dinheiro no caixa, estoques e equipamentos para a produção), os direitos (valores a receber de pagamentos em cartões) e as obrigações (financiamento de máquinas, salários, benefícios etc.). O balanço patrimonial vai apurar o nível de riqueza do estabelecimento.

Exemplo de balanço patrimonial

Longe de pretender dar uma aula completa sobre balanço patrimonial para restaurantes (o que exigiria, obviamente, muitas páginas de conceitos e aplicações contábeis), vamos mostrar, de modo prático, como poderia ficar um balanço patrimonial inicial de uma empresa de food service  na abertura de suas atividades:

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE   R$ 27.670,00 CIRCULANTE R$ 1.800,00
Caixa – R$ 20.000,00 Fornecedores – R$ 1.800,00
Saldo em conta bancária – R$ 7.670,00 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO – R$ 20.450,00
Realizável a longo prazo  
PERMANENTE – R$ 78.400,00   
Investimento  
Imobilizado -R$ 20.450,00  
Imóveis – R$ 18.000,00  
Móveis e utensílios – R$ 4.850,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – R$ 83.820,00
Máquinas e equipamentos –

R$ 30.600,00

Capital social – R$ 83.820,00
Gastos pré-operacionais – R$ 4.500,00  
TOTAL R$ 106.070,00 TOTAL R$ 106.070,00

Conclusão

Como você viu, controle financeiro para restaurantes passa por acompanhamento integrado, envolvendo monitoramento de indicadores, gerenciamento de demonstrativos e decisões que utilizem tecnologia como ferramenta de gestão de custos e  manutenção preventiva . Além disso, não devemos esquecer de que uma boa gestão financeira está atrelada a uma gestão administrativa de excelência.

Como é feita a gestão financeira em seu empreendimento? Veja agora como fazer a gestão de matéria prima e também a de pessoas, para que você tenha uma equipe campeã

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O design é uma disciplina que envolve a criação, planejamento e execução de soluções para resolver um problema ou atender a uma necessidade específica. Ele abrange uma ampla variedade de campos e pode ser aplicado a produtos, serviços, ambientes, comunicações e interações. Não se limitando apenas à estética visual, embora isso seja uma parte importante. Ele também considera a funcionalidade, usabilidade, ergonomia e a experiência geral do usuário. O processo geralmente envolve a pesquisa, concepção, prototipagem, testes e implementação. Ele está em diversos aspectos da vida cotidiana, desde a embalagem de produtos que compramos até a interface de aplicativos que usamos e ele pode ser também aplicado nas padarias. Confira nosso conteúdo a seguir e aprenda mais sobre o assunto. Quais os princípios do design? Equilíbrio Simétrico: Distribuição equitativa de elementos de forma semelhante de ambos os lados de um eixo central. Assimétrico: Distribuição equilibrada de elementos visuais sem depender da simetria. Contraste Criação de diferenças visuais entre elementos, como cor, tamanho, forma ou textura, para destacar ou enfatizar. Alinhamento Posicionamento cuidadoso de elementos para garantir uma disposição ordenada e organizada. Repetição Utilização de padrões repetitivos para criar consistência e coesão visual. Ênfase Destaque de elementos importantes para chamar a atenção do espectador. Proporção Relação harmônica entre diferentes partes de um design, contribuindo para uma estética equilibrada. Hierarquia Organização visual de elementos para indicar a importância ou a ordem de leitura. Espaço Gerenciamento eficaz do espaço negativo e positivo para melhorar a legibilidade e a compreensão. Simplicidade Eliminação de elementos desnecessários para criar designs claros e diretos. Coesão Relacionamento visual entre elementos para garantir que o design funcione como uma unidade integrada. O Design aplicado às padarias Ao contrário do que se pensa, estas técnicas não se reservam apenas a projetos de grandes arquitetos mas podem ser perfeitamente aplicadas a todos os negócios e tanto a sua identidade quanto Atração Visual: quando bem pensado pode atrair a atenção, tornando a padaria mais convidativa e aumentando o potencial de atração de novos clientes. Identidade Forte: uma aplicação consistente com logotipos, esquemas de cores e outros elementos que distinguem a padaria no mercado. Experiência do Cliente Aprimorada: um design cuidadoso não se limita apenas à estética, mas também à experiência geral do cliente. Facilidade de Navegação: facilita a navegação dos clientes pela padaria. Isso pode resultar em uma experiência de compra mais agradável e eficiente. Destaque de Produtos: pode ser usado para destacar produtos específicos, promovendo itens. Isso pode influenciar as decisões de compra dos clientes. Credibilidade e Profissionalismo: quando bem executado transmite uma imagem de profissionalismo e atenção aos detalhes, o que pode aumentar a credibilidade. Diferenciação no Mercado: a aplicação eficaz dos princípios pode diferenciar a padaria de seus concorrentes, ajudando-a a se destacar e conquistar uma parcela do mercado. Comunicação Eficaz: sinalizações claras e comunicação visual, facilitam a transmissão de informações, promoções e ofertas especiais. Cuidados com design na padaria Excesso de móveis Estes não devem comprometer o espaço e a circulação dos clientes, e no caso de mesas e cadeiras, devem ser suficientes para acomodá-los. Paisagismo Se há uso de plantas e jardins naturais, estes devem ter rega, limpeza e manutenção constante para permanecerem bonitos. Uso de buffets Estes não devem "roubar" espaço e não prejudicar a circulação. Precisam ser dimensionados conforme a demanda e variedade do cardápio. Mesas e cadeiras extras Havendo falta, reavalie o espaço, remova itens e outros móveis, e disponibilize local para mais destas. Afinal, o cliente é mais importante. Manutenção de fachada Faça limpeza e manutenção periódica da fachada. Iluminação, comunicação visual, contatos, tudo deve estar visível. Exposição de materiais embaixo do balcão Embora possa ser visto como economia e aproveitamento de espaço, prefira manter materiais e embalagens guardados. Iluminação O propósito desta é tornar seu ambiente e produtos visíveis. Reveja o uso desta como decoração. Ademais, ela consome energia elétrica também. Tente usar mais luz natural nos seus projetos. Fotos e imagens Todas as fotos de produtos e decorativas devem estar em bom estado e atualizadas. Dê preferência às de seus próprios produtos. Freezers e geladeiras Devem estar posicionados estrategicamente aos produtos relacionados e ser suficientes para os produtos desejados. Itens e elementos decorativos Devem estar de acordo com o estilo do estabelecimento e não em excesso, desviando a atenção de seus produtos. Os sazonais devem ser removidos assim que passarem as datas comemorativas. Conveniência Concentre-se em itens que vendem juntamente com seus produtos e atendam à demanda dos clientes. Pisos Fique atento ao tipo, limpeza diária e conservação. Sempre que houver danos, programe a manutenção ou troca. Vitrines Estas precisam ser suficientes para variedade de produtos e repostas continuamente. Vitrine vazia não vende. Foco no produto O foco é a venda do que é produzido na padaria. Evite produtos e serviços que não complementem ou não vendam seus produtos. Frente de loja Um conceito que tem auxiliado as padarias, confeitarias e outros empreendimentos do ramo de alimentação é o uso de fornos vitrine na área de vendas. O objetivo desses equipamentos é assar produtos em menor quantidade, mas constantemente e com variedade. Dessa forma, seus clientes verão que há produtos frescos saindo a todo momento, e o aroma de pão é irresistível. Além disso, muitas pessoas desconhecem a fabricação do pão e, mesmo para aqueles que já conhecem, é muito atrativo, e sua padaria certamente chamará a atenção. Outro ponto positivo é que ao assar produtos em menores quantidades, eles se mantêm frescos e ocorre menor desperdício por itens que são assados além do necessário. Sobram, perdem a qualidade gradativamente e, depois, devem ser descartados. Conclusão Em síntese, ao considerarmos a importância do design nas padarias, compreendemos que a estética e a funcionalidade desempenham papéis cruciais na atração e fidelização de clientes. Desde a disposição dos produtos até a escolha de equipamentos como fornos vitrine, o design influencia diretamente na experiência do consumidor. A harmonia visual aliada à praticidade operacional não apenas agrega valor à padaria, mas também cria uma atmosfera convidativa. A implementação cuidadosa do design não só destaca a frescura e a variedade dos produtos, como também reduz desperdícios, promovendo a sustentabilidade no processo. Assim, ao reconhecermos a relevância do design, as padarias não apenas aprimoram seu apelo estético, mas também otimizam operações, conquistando clientes e assegurando um espaço distintivo no mercado gastronômico. E agora que tal aplicar os mesmos conceitos com na exposição de produtos? Clique aqui e veja nosso conteúdo sobre o vitrinismo. 
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