Arroz de Carreteiro: praticidade e sabor em uma panela

Prática • 31 de outubro de 2025
Uma tigela de arroz com carne e vegetais em uma mesa de madeira.

O arroz de carreteiro é um prato que carrega a história e os sabores do Brasil, com raízes profundas no Rio Grande do Sul.


Reconhecido por sua simplicidade e sabor marcante, sua origem remonta aos tempos em que os carreteiros, responsáveis por transportar mercadorias em carretas puxadas por bois, cruzavam o sul do país em longas jornadas.


Quer saber mais sobre essa receita tradicional e as curiosidades que a cercam? Continue lendo.


A Vida dos Carreteiros e a Necessidade de Sustância


Uma hipótese amplamente aceita é que o prato tenha surgido como uma solução prática para a alimentação dos viajantes. Sem acesso a geladeiras, os carreteiros utilizavam charque (ou carne de sol) em conserva, devido à sua longa durabilidade.


Durante as paradas, o charque era desfiado e cozido com arroz em panelas de ferro, resultando em um preparo simples e rápido, que oferecia uma refeição nutritiva e calórica, ideal para repor as energias da viagem.


Atualmente, o prato simboliza a herança cultural dos tropeiros e carreteiros, destacando suas contribuições para a história e a culinária brasileira.


Expansão do Prato Pelo Brasil


Não é surpresa que o arroz de carreteiro tenha ultrapassado as fronteiras gaúchas. Em Minas Gerais, por exemplo, a receita ganhou popularidade quando os gaúchos passaram a comercializar o charque e difundir o modo de preparo.


Hoje, é comum encontrar variações regionais da receita, incorporando ingredientes como linguiça, bacon ou até sobras de churrasco, sempre mantendo a essência prática e saborosa do prato original.


Maria-Isabel e Outras Variações


Enquanto no sul do Brasil o prato é conhecido como "arroz de carreteiro", outras regiões adaptaram a receita ao seu próprio contexto. No Centro-Oeste e Nordeste, uma variação similar é chamada de maria-isabel, sendo preparada com carne de sol e temperos locais.


Variações da receita


Sobras de Churrasco


  • Substituir o charque por carne de churrasco (como picanha, maminha ou costela) picada ou desfiada.
  • A adição de linguiça ou outros cortes grelhados enriquece o sabor.


Com Linguiça e Bacon


  • Incluir linguiça calabresa em rodelas e bacon picado, fritos no início do preparo, como alternativa ou complemento ao charque.
  • Acrescenta um toque defumado e mais textura ao prato.


Arroz de Carreteiro de Frango


  • Utilizar sobras de frango desfiado ou pedaços de frango caipira cozido.
  • Ideal para quem prefere uma opção mais leve ou alternativa à carne bovina.


Vegetariano


  • Substituir a carne por proteína vegetal, como carne de jaca desfiada ou cogumelos salteados.
  • Temperos intensos ajudam a manter a essência do prato tradicional.


Com Charque e Abóbora


  • Uma adição de cubos de abóbora cozidos junto ao arroz, trazendo um toque adocicado e contraste de texturas.


Com Feijão Tropeiro


  • Combinação de arroz, feijão, torresmo, linguiça e charque.
  • Uma versão mais robusta, unindo dois clássicos brasileiros.


Queijo Coalho


  • Adicionar cubos de queijo coalho dourados na finalização.
  • Opção comum no Nordeste, que agrega cremosidade e sabor.


Arroz de Carreteiro com Legumes


  • Incluir vegetais como cenoura, ervilha, pimentão ou milho, tornando o prato mais colorido e nutritivo.


Arroz Integral ou 7 Grãos


  • Substituir o arroz branco por arroz integral ou mix de grãos, para uma versão mais saudável e rica em fibras.


Pequi (Estilo Centro-Oeste)


  • Acrescentar polpa de pequi ao preparo para uma explosão de sabor regional.


Carreteiro com Ovo Frito


  • Finalizar o prato com ovos fritos, uma adição simples e prática que faz sucesso em várias mesas brasileiras.


Com Azeitonas e Ervas Aromáticas


  • Incluir azeitonas pretas ou verdes e ervas frescas, como manjericão e tomilho, para dar um toque mediterrâneo ao prato.


Receita do Arroz de Carreteiro


  • 300 g de carne seca (ou charque) dessalgada e desfiada
  • 2 xícaras (chá) de arroz
  • 1 cebola média picada
  • 3 dentes de alho picados
  • 2 tomates picados (sem sementes)
  • 1 pimentão verde picado (opcional)
  • 3 colheres (sopa) de óleo ou azeite
  • 4 xícaras (chá) de água quente
  • 2 colheres (sopa) de cheiro-verde picado (salsinha e cebolinha)
  • Sal e pimenta-do-reino a gosto


Modo de Preparo


  1. Caso esteja utilizando carne seca ou charque, deixe de molho em água por cerca de 12 horas, trocando a água algumas vezes. Cozinhe na pressão até ficar macia, desfie e reserve.
  2. Aqueça o óleo em uma panela grande. Refogue a cebola e o alho até ficarem dourados.
  3. Acrescente a carne desfiada e refogue por alguns minutos, misturando bem para incorporar os sabores.
  4. Coloque os tomates e o pimentão (se usar) na panela. Cozinhe até que os vegetais comecem a murchar.
  5. Adicione o arroz e refogue rapidamente para que ele absorva os temperos.
  6. Acrescente a água quente, tempere com sal e pimenta-do-reino, misture bem e deixe cozinhar em fogo médio, com a panela parcialmente tampada, até o arroz ficar macio e a água secar.
  7. Desligue o fogo, adicione o cheiro-verde e misture. Tampe a panela e deixe descansar por 5 minutos antes de servir.


Dicas:


  • Para uma versão mais tradicional, use charque. Para um toque mais leve, substitua por carne de sol ou sobras de carne assada.
  • Se desejar, adicione linguiça calabresa em rodelas para enriquecer o prato.


Conclusão


O arroz de carreteiro é muito mais do que uma simples receita: é um reflexo da criatividade e da necessidade que marcaram a vida dos carreteiros no sul do Brasil. Sua versatilidade e sabor conquistaram diferentes regiões do país, resultando em variações que preservam a essência do prato, ao mesmo tempo que se adaptam a ingredientes e preferências locais.


Seja preparado de forma tradicional ou com toques modernos, o carreteiro continua sendo uma escolha prática e reconfortante, unindo gerações e contando um pedaço da história brasileira em cada garfada.


Confira também o feijão tropeiro, uma receita tradicional ainda mais antiga, que remonta ao período das tropas que cruzavam o Brasil.