Tecnologia e sabores da Amazônia com Chef Alinne Barros

Chef responsável pela concessionária Prática Belém, Alinne Barros atua na integração entre tradição culinária amazônica e tecnologias aplicadas ao setor de alimentação.
Com experiência em técnicas regionais e valorização de ingredientes locais, ela tem acompanhado de perto o desenvolvimento do mercado gastronômico no Pará e as mudanças trazidas pela modernização de equipamentos e processos.
Na entrevista a seguir, Alinne comenta a importância dos saberes indígenas na formação da culinária amazônica, o papel da mandioca na base alimentar da região e as transformações recentes no segmento de panificação paraense.
Também compartilha suas percepções sobre o uso de tecnologias como o forno combinado, o abatedor de temperatura e o Speed Oven na rotina dos empreendimentos do Norte do país.
Leia a entrevista completa e entenda como tradição e inovação se conectam na cozinha amazônica.
1. Como você define a gastronomia amazônica?
Posso afirmar que a gastronomia amazônica é única, autêntica e biodiversa, reunindo práticas e técnicas gastronômicas, sabores e saberes originários da Amazônia.
Tem como base ingredientes oriundos da floresta, dos rios e da agricultura local, combinando tradições indígenas, caboclas, africanas e europeias.
2. Quais são os elementos mais marcantes dessa culinária em termos de ingredientes e técnicas?
Na nossa culinária temos muitos elementos marcantes e técnicas tradicionais herdadas, sobretudo, da cultura indígena e cabocla.
Um grande exemplo é a mandioca brava, que é a base da alimentação amazônica.
Dela podemos extrair a farinha, tapioca, tucupi, beiju, goma e, da folha da mandioca moída, temos a maniva.
Nela podemos usar a técnica de cocção lenta e prolongada, em que acontece a neutralização das toxinas e a intensificação dos sabores.
Na nossa cozinha nada se desperdiça, tudo é aproveitado: raízes, folhas, cascas e sementes.
3. Quais ingredientes amazônicos ainda são pouco explorados, mas têm grande potencial gastronômico?
Temos tantos ingredientes que é até difícil escolher qual precisa ser mais explorado, mas eu posso dizer que o cumaru tem muito potencial.
É conhecido como a baunilha amazônica, tem aroma intenso e adocicado, com notas de baunilha, canela e amêndoas.
Excelente para doces, sorvetes, pães, bebidas e molhos, mas deve ser usado com moderação devido à cumarina.
O segundo elemento é o puxuri, que tem um aroma intenso, quente e perfumado, com notas que lembram canela, noz-moscada, cardamomo e anis.
O sabor é ligeiramente adocicado, picante e muito aromático, tornando-o ideal para o preparo de doces e salgados.
Quando ralado ou infuso, libera um perfume sofisticado e exótico.
4. Como você enxerga o papel dos povos indígenas na construção da gastronomia amazônica contemporânea?
Os povos indígenas têm um papel muito profundo e de fundamental importância, e que vem sendo cada vez mais reconhecido, pois eles não apenas preservaram saberes ancestrais sobre ingredientes e técnicas, mas também influenciaram diretamente a identidade alimentar brasileira e inspiram hoje uma nova forma de pensar a cozinha de maneira mais natural, sustentável e conectada à terra.
5. Existe algum ingrediente que simbolize, para você, a alma da culinária amazônica?
A mandioca, por se tratar da base alimentar dos povos indígenas da Amazônia há milênios.
Dela nascem alimentos, bebidas e técnicas que formam o coração da cultura culinária amazônica.
Foi domesticada, cultivada e transformada em dezenas de preparos que garantiram a sobrevivência de comunidades inteiras.
Posso afirmar que a mandioca é, antes de tudo, sabedoria ancestral transformada em alimento.
6. Quais técnicas tradicionais você mais utiliza ou valoriza em sua cozinha?
Na minha cozinha eu utilizo a técnica de extração e infusão aromática com ervas e sementes nativas.
Também utilizo a técnica de caldos e reduções concentradas e gosto de misturar a cozinha tradicional (de origem) com a cozinha contemporânea.
7. O que diferencia a cozinha paraense da gastronomia amazônica de outros estados da região Norte?
A cozinha paraense é, sem dúvida, a mais marcante, estruturada e reconhecida da região Norte, e isso se deve à combinação única de fatores culturais, geográficos e históricos.
Os outros estados da região Norte também têm forte influência indígena, mas o Pará não perdeu essa base; ela se manteve viva e central na mesa do nosso dia a dia.
O uso do tucupi, da farinha d’água, da pimenta-de-cheiro e da mandioca brava é cotidiano, não apenas folclórico.
A cozinha paraense tem uma estrutura de sabores e combinações muito definidas, quase como uma “gastronomia com gramática própria”.
Essa coerência faz do estado do Pará o único estado amazônico com um repertório culinário consolidado, reconhecido nacional e internacionalmente.
8. De que forma pratos como o tacacá, o pato no tucupi e a maniçoba representam a identidade cultural de Belém?
Esses três pratos são mais do que receitas: são símbolos vivos da alma de Belém.
Cada um deles expressa uma camada da história, da religiosidade e da relação do povo paraense com a floresta e seus ciclos.
O tacacá é símbolo da vida cotidiana e da sociabilidade belemense.
O pato no tucupi é a síntese do sagrado e da tradição.
E a maniçoba honra a ancestralidade e o tempo.
9. Quais são os pratos mais emblemáticos preparados durante o Círio de Nazaré? Que memórias gastronômicas mais marcam o período do Círio em sua vida?
Para mim, os pratos mais emblemáticos são frango no tucupi (uma versão do pato no tucupi) e maniçoba.
Lembro da minha mãe preparar em casa todos os anos.
A nossa maniçoba sempre ficava pronta na sexta que antecedia o Círio, mas a mamãe dizia para mim e para minha irmã que não estava pronta, para que a gente não começasse a comer desde a sexta, de tanto que gostávamos de maniçoba.
Depois que minha mãe se foi, eu assumi o preparo dessa iguaria.
10. Como foi sua experiência inicial com o forno combinado da Prática e quais vantagens você identifica ao aplicá-lo na cozinha amazônica, que tem tanta riqueza de ingredientes e técnicas tradicionais?
Minha experiência foi a melhor possível.
Já usei o forno combinado para fazer pratos regionais como camarão paraense, filhote e pato, com técnicas regionais como longa cocção, uso de raízes paraenses e infusão.
Aliar nossas raízes à tecnologia e à entrega que o forno combinado nos proporciona foi de fundamental importância.
11. Muitos empreendedores do setor de alimentação ainda estão conhecendo os abatedores de temperatura e os ultracongeladores. Como você tem percebido o contato do público local com essas tecnologias?
O contato do público com essas tecnologias ainda está em processo de amadurecimento, mas o interesse vem crescendo de forma consciente, pois eles vêm entendendo a importância de ter um aliado no que tange à segurança dos alimentos e à redução de desperdícios.
Percebo que ainda há dúvidas sobre como usar corretamente e sobre o retorno do investimento.
O importante é que estão compreendendo que o abatedor de temperatura não é luxo, mas uma ferramenta de gestão e eficiência, principalmente quando usado aliado aos speed ovens. Prolonga a validade do alimento, reduz desperdício, mantém textura e sabor e garante a conformidade sanitária.
12. Em relação ao uso dos speed ovens, como você tem observado o uso dessa tecnologia pelos empreendimentos do Pará e de outras regiões do Norte?
Pude perceber que o uso dos Speed Ovens vem crescendo de forma estratégica, especialmente entre empreendedores que buscam agilidade sem abrir mão da qualidade.
Os empreendedores da nossa região começaram a perceber o potencial do forno como ferramenta de produtividade, padronização e redução de desperdício, onde a produção é utilizada sob demanda.
13. Como você avalia o mercado de panificação no Pará? De que forma os empreendedores do setor têm recebido os equipamentos da Prática, especialmente após a chegada da nova concessionária em Belém?
O mercado de panificação paraense vive uma grande renovação tecnológica e um reposicionamento de mercado.
O setor sempre teve raízes fortes e foi marcado por empreendimentos familiares.
Porém, nos últimos anos, o mercado tem passado por um movimento de modernização.
Hoje, as padarias de Belém e da região metropolitana não são mais somente ponto de venda de pão: tornaram-se espaços de convivência e alimentação.
A inauguração da Concessionária Prática Belém representou um salto de qualidade na oferta de tecnologia e suporte técnico.
Antes, muitos empreendedores tinham dificuldade de acesso a demonstrações, manutenção e treinamento prático, o que limitava o uso pleno do equipamento.
Com assistência técnica local, há confiança e segurança, dois fatores decisivos na decisão de compra.
Com a presença direta da marca, o cenário mudou.
O mercado ganhou confiança para investir em tecnologia nacional de alto desempenho.
Sobre a Chef Alinne Barros
Chef Alinne Barros nasceu em Belém do Pará, cidade criativa da gastronomia.
A paixão pelas cores, aromas e sabores a levou para a Gastronomia, onde aperfeiçoou os conhecimentos que sua família adquiriu ao longo de três gerações de confeiteiras.
É Relações Públicas, Gastróloga e
Master Instructor pela Korea Design Cake Art Association (KDCAA), além de
Especialista em Cozinha Brasileira, Panificação e Confeitaria.
Atualmente, é a chef responsável pelo espaço da
Concessionária Prática Belém, atuando no atendimento aos clientes, demonstrações técnicas, testes de equipamentos, além da participação em feiras e eventos do setor.
Natural do Pará e profunda conhecedora da
culinária amazônica, herdou de sua mãe,
Regina Célia, o amor pela cozinha e o compromisso com os sabores autênticos da floresta.
Para a chef, a gastronomia é sua arte e sua vida e a representação do ingrediente mais especial que utiliza em cada preparação:
o amor.
A concessionária da Prática em Belém do Pará
A Prática conta com uma concessionária em Belém do Pará, criada para oferecer tecnologia, capacitação e suporte especializado aos profissionais da panificação, confeitaria e alimentação da região Norte.
O espaço foi projetado para aproximar a empresa de seus clientes e parceiros, promovendo atendimento técnico qualificado e experiências práticas com as soluções da marca.
A concessionária dispõe de showroom de equipamentos, centro técnico, áreas de treinamento e auditório, reunindo infraestrutura completa para demonstrações, cursos e aperfeiçoamento profissional.
Com o apoio de instrutores e especialistas, o local proporciona aos empreendedores a oportunidade de conhecer tecnologias, otimizar processos e aprimorar resultados em suas produções.
Essa estrutura reforça o compromisso da Prática com o desenvolvimento do setor alimentício na região Norte, oferecendo um ponto de apoio permanente para quem busca inovação, eficiência e excelência na operação de padarias, confeitarias e empreendimentos de alimentação.
Endereço: Travessa Quatorze de Abril, 1881 – São Brás, Belém – PA, CEP 66063-475
Telefone: (91) 3202-2800
Instagram: @praticabelem