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Farinhas estrangeiras e nacionais: conheça a produção

Prática • 3 de julho de 2023
Uma pessoa está polvilhando farinha sobre uma massa sobre uma mesa.

Você conhece as diferenças entre as farinhas estrangeiras e nacionais? É importante para todos os profissionais da panificação entender como cada região, clima, espécies, cultivo, colheita, armazenamento e processamento influenciam nas características.

Compreender essas diferenças, nos permite fazer escolhas mais informadas ao selecionar a mais adequada para cada tipo de produto. Seja na produção de pães, pizzas ou outros produtos de panificação, conhecer essas particularidades nos ajuda a obter resultados excepcionais em nossas receitas.

Leia o texto abaixo e aprofunde seus conhecimentos ­­sobre esse assunto fascinante.

Diferenças das farinhas brasileira e estrangeiras

As principais diferenças entre as farinhas produzidas no Brasil, Canadá e Europa estão relacionadas ao tipo de trigo utilizado, ao processo de moagem, às técnicas de armazenamento e às regulamentações locais.

Tipo de trigo

No Brasil, a maioria das farinhas é produzida a partir de trigo tipo soft ou fraco, que apresenta um teor de proteína mais baixo. No Canadá e na Europa, a produção de farinhas de trigo utiliza principalmente trigo tipo hard ou forte, que apresenta um teor de proteína mais elevado. Isso significa que as farinhas canadenses e europeias tendem a ter um maior teor de glúten e força de amassamento.

Todavia, a produção no Brasil tem aumentado e se desenvolvido a cada ano, aumentando a variedade, qualidade e força dos nossos grãos. Segundo dados da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento , em seu 3º Levantamento da Safra de Grãos, a produção de trigo em 2022 atingiu um novo recorde de 9,5 milhões de toneladas, um aumento de 23,7% em relação à safra passada. A produção praticamente dobrou, com uma colheita de 5,1 milhões de toneladas, se compararmos com o volume colhido em 2019.

Blends de grãos

No Brasil, é comum utilizar blends de grãos de trigo na produção e melhoria da farinha. Essa prática consiste em combinar grãos de trigo nacionais com grãos importados para obter características desejadas na farinha, como maior teor de proteína, melhor textura e qualidade geral.

A utilização de grãos de diferentes países, cada um com suas características específicas, visa otimizar a farinha e atender às demandas do mercado, garantindo a produção de produtos de panificação de alta qualidade. O Brasil importa trigo de alta qualidade de diversos países, entre eles:

  • Argentina: um dos principais fornecedores devido à proximidade geográfica.
  • Estados Unidos: o trigo americano é conhecido por características específicas.
  • Canadá: reconhecido internacionalmente pela produção do item e frequentemente importado.
  • Uruguai: devido à proximidade geográfica e à qualidade.

Além desses países, o Brasil também pode importar trigo de outros países, dependendo da disponibilidade, preço e características específicas necessárias para a produção de farinha.

Processo de moagem

No Brasil, as farinhas de trigo são produzidas principalmente pelo processo de moagem de cilindros, que é um processo mais antigo e resulta em farinhas com uma granulometria mais grossa. No Canadá e na Europa, esse processo é feito em moinhos de pedra, produzindo farinhas mais finas e uniformes. Isso significa que as farinhas canadenses e europeias tendem a ser mais homogêneas em termos de tamanho das partículas.

Técnicas de armazenamento

Em nosso país, as condições de armazenamento das farinhas de trigo em geral são menos favoráveis, devido ao calor e umidade. Isso pode levar à deterioração da qualidade da farinha. No Canadá e na Europa, as farinhas de trigo são armazenadas em condições mais controladas, com menor umidade e temperatura adequada, o que ajuda a manter a qualidade da farinha por mais tempo.

Regulamentações locais

As regulamentações locais sobre a produção de farinhas de trigo também podem variar entre o Brasil, o Canadá e a Europa. No Brasil, por exemplo, a legislação permite o uso de alguns aditivos químicos necessários para manter características e padronização, enquanto que na Europa e no Canadá são mais restritivos em relação ao seu uso. Além disso, as normas de qualidade e pureza também podem variar entre os países.

Farinhas brasileiras

Atualmente, tanto os padeiros quanto os profissionais de confeitaria podem encontrar no mercado farinhas produzidas nacionalmente, com excelente desempenho.

O país tem investido em tecnologia e pesquisa agrícola para melhorar a produtividade e a qualidade do trigo cultivado. A produção no Brasil tem apresentado avanços significativos nos últimos anos. De acordo notícia do Canal Rural , em comparação com 2018, o volume de importação diminuiu de 6,8 milhões de toneladas para 5,71 milhões de toneladas em 2022. Da mesma forma, nos últimos cinco anos, o volume de trigo exportado aumentou, indicando uma redução da dependência externa do cereal.

Da mesma forma, os moinhos e marcas têm investido pesadamente em produtos de qualidade, com garantia de padronização.

É importante lembrar que a farinha é apenas um dos fatores que influenciam na produção. Para que ela atinja seu máximo potencial, você precisa também de equipamentos adequados, processos bem definidos e formação continuada dos profissionais. Ademais, você deve utilizá-la de acordo com as características do produto desejado e manipulação correta.

Conclusão

Em resumo, ao explorarmos as diferenças entre as farinhas de trigo brasileiras e as do exterior, fica evidente a influência dos tipos de trigo, dos processos de moagem e das regulamentações locais. Essas variações resultam em características únicas em cada tipo de farinha.

As farinhas canadenses e europeias tendem a ser mais ricas em glúten, mais uniformes e mais controladas em sua produção e armazenamento, enquanto as farinhas brasileiras ainda estão em processo de adaptação devido às condições de cultivo do trigo e ao armazenamento em nosso clima.

Por fim, confira também nosso conteúdo sobre a importância e desenvolvimento de receitas. Continue a leitura.

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