Inove com matcha: diferencial para panificação e doces finos

Prática • 15 de julho de 2025
Uma tigela de chá verde, um batedor e uma colher de pó de chá verde sobre uma mesa.

A busca por diferenciação tem se tornado uma exigência crescente para empreendedores do setor de panificação e confeitaria.


Com um consumidor cada vez mais exigente, atento à saúde, à estética dos produtos e à originalidade dos sabores, inovar deixou de ser uma opção e passou a ser um fator essencial para manter a competitividade.


Nesse cenário, ingredientes como o matcha ganham espaço por sua versatilidade, apelo visual e características funcionais.


Mais do que uma tendência passageira, ele representa um ponto de convergência entre tradição, sofisticação e saudabilidade — atributos valorizados no mercado atual. Seu uso qualifica produtos com um toque de exclusividade, ajudando a destacar marcas e ampliar o público-alvo.


Uma tradição japonesa


Originário da cultura japonesa, o matcha protagoniza a cerimônia do chá (chanoyu), um ritual milenar que celebra valores como harmonia, respeito e simplicidade.


Durante essa cerimônia, sua preparação é feita com gestos precisos e utensílios específicos, valorizando não apenas a bebida, mas também o momento de pausa e contemplação que ela proporciona.


Como o matcha é feito


Ele é produzido a partir de folhas da planta Camellia sinensis, cultivadas sob sombra por cerca de três semanas antes da colheita.


Esse processo intensifica a concentração de clorofila e aminoácidos, resultando em uma coloração verde vibrante e um perfil de sabor característico — rico em umami, com notas herbais e um leve amargor.


Após a colheita, as folhas são vaporizadas, secas, desprovidas de talos e moídas lentamente em moinhos de pedra até se tornarem um pó finíssimo.


Todo esse processo é artesanal, demorado e altamente controlado, o que justifica seu custo elevado, especialmente nos graus mais nobres.


Inovação por meio de cores, aromas e sabores


No entanto, seu uso vai muito além da bebida. Na panificação e na confeitaria, o matcha tem se revelado um aliado para criar produtos diferenciados, com apelo visual intenso e identidade de sabor marcante.


Em um mercado saturado por produtos tradicionais, inovar é, antes de tudo, comunicar diferenciação. O consumidor atual valoriza não apenas a qualidade do produto, mas também a experiência visual e olfativa. Nesse sentido, ele oferece vantagens claras:


  • Cor intensa e natural: seu verde vibrante colore massas, cremes e coberturas sem a necessidade de corantes artificiais.
  • Aroma vegetal fresco: perfuma as receitas com uma nota sutil de chá verde e ervas.
  • Sabor inconfundível: combina dulçor, leve amargor e umami, favorecendo combinações sofisticadas, como chocolate branco, frutas vermelhas, limão, coco e castanhas.


Além disso, tem seu apelo funcional, rico em antioxidantes e com ação energizante suave (graças à combinação de cafeína e L-teanina), encontra sinergia com o interesse crescente por alimentos saudáveis.


Aplicações práticas na confeitaria e panificação


Para quem atua na produção artesanal ou industrial, o matcha pode ser incorporado de diferentes formas:


  • Pães doces e brioches: adição do pó à massa para obter coloração verde e aroma suave.
  • Cookies, madeleines e financiers: substituição parcial da farinha por matcha para realce de sabor e visual marcante.
  • Recheios e cremes: cremes pâtissiers, ganaches e mousses com matcha ganham coloração e complexidade de sabor.
  • Massas de bolo e brownie: especialmente interessantes em combinações com chocolate branco ou frutas cítricas.
  • Panettones e donuts: versões premium com matcha são percebidas como mais sofisticadas e modernas.


A recomendação é utilizar matcha culinário de boa qualidade, com moagem fina e cor viva, mesmo que não seja do grau cerimonial. A dosagem ideal pode variar, mas costuma ficar entre 1% e 3% do peso da massa, dependendo da intensidade desejada.


Como escolher um bom matcha para uso gastronômico


Nem todo matcha é igual. Para aplicações profissionais, é fundamental observar:


  • Origem: os melhores vêm de regiões como Uji e Nishio, no Japão.
  • Cor: verde vibrante é sinal de frescor e qualidade.
  • Textura: quanto mais fina, melhor a incorporação na receita.
  • Aroma: deve ser vegetal, fresco, sem notas terrosas excessivas.


Matchas muito baratos tendem a ser mais amargos e de cor opaca, o que pode comprometer o resultado final, especialmente em receitas delicadas.


Por que investir no matcha?


Além do valor sensorial e estético, o matcha se destaca como um ingrediente de posicionamento.


Seu uso comunica sofisticação, cuidado com os ingredientes e conexão com tendências de bem-estar.


Em mercados urbanos e de nicho, produtos com matcha têm maior margem de precificação e podem atrair novos públicos, como consumidores veganos, praticantes de atividades físicas ou interessados em gastronomia japonesa.


Incorporá-lo ao cardápio pode ser uma excelente estratégia de renovação e diversificação de portfólio.


Como fazer matcha tradicional?


Para preparar o matcha tradicionalmente, utiliza-se um conjunto específico: tigela (chawan), batedor de bambu (chasen), colher dosadora (chashaku) e o pó de matcha. O preparo básico consiste em:


  1. Aquecer a tigela com água quente e secá-la.
  2. Colocar cerca de 1 a 2 gramas de matcha (aprox. 1 colher de chashaku).
  3. Adicionar 60 a 70 ml de água quente (entre 70 °C e 80 °C).
  4. Bater vigorosamente em movimento de “W” com o chasen até formar espuma na superfície.


Como fazer o matcha com leite?


A versão com leite é conhecida como “matcha latte”. Pode ser servida quente ou gelada:


Ingredientes:


  • 1 colher (chá) de matcha
  • 50 ml de água quente
  • 150 a 200 ml de leite (animal ou vegetal)
  • Adoçante a gosto


Modo de preparo:


  1. Dissolver o matcha na água quente, mexendo bem até formar espuma.
  2. Aquecer e espumar o leite separadamente.
  3. Juntar o leite ao matcha e adoçar, se desejar.


Madeleine com Matcha (chá verde em pó)


Rendimento: cerca de 18 unidades
Tempo de preparo: 30 minutos + tempo de descanso


Ingredientes para massa


  • 100 g de manteiga sem sal
  • 2 ovos (100 g)
  • 100 g de açúcar
  • 100 g de farinha de trigo
  • 1 colher (chá) de fermento químico
  • 1 colher (chá) de matcha (cerca de 3 g)
  • 1 pitada de sal
  • 1 colher (chá) de extrato de baunilha (opcional)


Modo de preparo


  1. Derreta a manteiga e reserve para que esfrie.
  2. Em uma tigela, bata os ovos com o açúcar até formar um creme claro e espumoso.
  3. Adicione a baunilha, se for usar.
  4. Peneire juntos a farinha, o fermento, o sal e o matcha. Incorpore delicadamente à mistura de ovos.
  5. Adicione a manteiga derretida aos poucos, mexendo suavemente até obter uma massa homogênea.
  6. Cubra a massa com filme plástico e leve à geladeira por pelo menos 1 hora (ou até 12 horas).
  7. Pré-aqueça o forno a 190 °C. Unte e enfarinhe uma forma de madeleines.
  8. Preencha as cavidades com a massa (cerca de ¾ da capacidade).
  9. Asse por 10 a 12 minutos, até que as bordas estejam levemente douradas e o centro firme ao toque.
  10. Desenforme morno e deixe esfriar sobre uma grade.


Dica profissional:


Finalize com uma leve calda de açúcar ou cobertura de chocolate branco para ressaltar a coloração verde e equilibrar o sabor herbal do matcha.



Considerações finais


Inovar na panificação e confeitaria é, em grande medida, sair da zona de conforto dos sabores convencionais e apostar em elementos que agregam valor sensorial e simbólico aos produtos.


O matcha é um exemplo claro de como tradição e modernidade podem se encontrar em uma única matéria-prima, capaz de transformar receitas simples em experiências memoráveis.


Para empreendedores do setor, ele representa uma oportunidade concreta de diferenciação, com benefícios que vão da estética à saudabilidade — exatamente o que o consumidor contemporâneo busca em uma vitrine atrativa e atual.


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