Por que os equipamentos profissionais não são 110 Volts?

Por que os equipamentos profissionais não são 110 Volts? Muitos já devem ter se perguntado a este respeito e a maior dúvida que surge quando pensamos em investir em um negócio. É comum encontrar uma diferença significativa na voltagem em comparação aos equipamentos domésticos comuns.
Neste texto, exploraremos as razões pelas quais os equipamentos profissionais não são projetados para operar em 110V, considerando os aspectos de potência, robustez, capacidade produtiva e eficiência energética.
Leia o texto abaixo e fique por dentro.
O que é tensão elétrica (voltagem)?
Antes de mais nada, vamos aprender o que é voltagem. Também chamada de tensão elétrica, é uma medida da força que impulsiona a eletricidade a fluir através de um circuito. É medida em volts (V).
Ela é importante porque determina a quantidade de energia elétrica que é fornecida a um aparelho ou dispositivo. Quanto maior a voltagem, mais energia elétrica é fornecida. Só para ilustrar, imagine exemplo, uma mangueira. Se você aumentar a pressão da água, mais água será fornecida.
Da mesma forma, a quantidade de energia em 220V é superior ao 110V.
O que é amperagem?
Imagine que você tem um circuito elétrico, como um fio, por onde a eletricidade passa. A amperagem é como a “força” da eletricidade que flui por ele.
Voltando ao exemplo da mangueira. A amperagem seria como a quantidade de água que passa por ela em um determinado tempo.
Ela é a medida de quanta eletricidade está passando por um fio em um certo período de tempo. Quanto maior a amperagem, mais eletricidade está passando pelo fio.
Ela é importante porque ela determina a intensidade da corrente elétrica. Por exemplo, em dispositivos eletrônicos, a amperagem é usada para saber quanta energia elétrica o dispositivo precisa para funcionar corretamente.
Por que 220 V Trifássico e 380 V Trifássico?
São utilizados principalmente em instalações elétricas industriais ou comerciais. O sistema trifásico utiliza três fios condutores e três fontes de energia alternada. Isso permite uma distribuição de energia mais eficiente e equilibrada, pois os aparelhos elétricos podem ser alimentados de maneira mais uniforme pelos três fios.
Essas voltagens são projetados para lidar com uma demanda maior de energia elétrica.
Menor amperagem, menor disjuntor
As voltagens de 220V monofásico ou trifásico, e 380V trifásico, em geral, possuem amperagens cada vez menores. Esse fator influencia diretamente no dimensionamento e no custo dos disjuntores, cabos e rede elétrica.
Por exemplo, um forno profissional com potência de 5,5 kW (quilowatts) e alimentação de 220V monofásico exigiria um disjuntor de 40 amperes. Porém, em 220V trifásico, essa amperagem seria reduzida para 20 amperes, e em 380V, seria necessário apenas um disjuntor de 16 amperes.
Quanto menor a amperagem, menor a capacidade do disjuntor e o valor reduz também.
Dimensionamento de cabos
Outro ponto em que as voltagens de 220V e 380V são vantajosas é no dimensionamento dos cabos que fornecem energia para equipamentos profissionais.
Retomando o exemplo do forno profissional com potência de 5,5 kW e alimentação de 220V monofásico, ele exigiria um cabo de 3x6mm². No entanto, na configuração de 220V trifásico, o cabo seria de 4x4mm², e em 380V trifásico, seria necessário apenas um cabo de 5×2.5mm².
A lógica é simples: quanto mais grosso o cabo, maior é o seu custo. Por isso, quanto maior a amperagem, maior será a “bitola” (espessura) do cabo.
Potência de motores e resistências
Imagine que você tenha um carro 1.0 e precise subir um aclive acentuado. Provavelmente, você engataria a primeira marcha e aceleraria ao máximo para conseguir subir.
No entanto, com um carro 1.4, você provavelmente conseguiria subir usando a segunda marcha. Isso acontece porque o carro 1.4 possui um motor com uma configuração diferente do 1.0, que lhe confere maior potência.
Da mesma forma, os motores e resistências elétricas dos equipamentos profissionais são projetados para terem maior força, capacidade de retomada e manutenção do que os equipamentos de 110V.
Isso também resulta em economia energética, pois esses equipamentos são mais eficientes na conversão de energia elétrica em trabalho realizado.
Regime contínuo de trabalho
Equipamentos e fornos profissionais são submetidos a uma carga de trabalho muito mais intensa do que os equipamentos de 127V. Por exemplo, em sua casa, você pode usar um espremedor de frutas para fazer suco ocasionalmente, talvez todas as manhãs. No entanto, em uma lanchonete, o suco de laranja ou limão é produzido constantemente, todos os dias da semana. Esta é uma das razões principais porque os equipamentos profissionais não são 110 Volts ou 127V.
Maior potência e capacidade produtiva
Retomando o exemplo mencionado, um espremedor de frutas profissional é capaz de espremer em maior quantidade e mais rapidamente do que um doméstico. Da mesma forma, um forno utilizado em padarias ou confeitarias enfrenta uma demanda muito maior, tanto em termos de produção quanto em consumo de energia elétrica. Por exemplo, um forno de 220V trifásico, capaz de assar 250 pães franceses por ciclo e com potência de 20,3 kW, requer uma amperagem de 63 Ampères.
Maior robustez
Se você submeter um eletrodoméstico comum a uma carga de trabalho intensa e prolongada, é provável que ele acabe se “queimando” e você o perderá. Por outro lado, se você observar os equipamentos utilizados em produção profissional, verá que eles são projetados para suportar cargas pesadas e contínuas de trabalho, e eles lidam com isso perfeitamente.
Menor consumo de energia
Outro ponto importante é o consumo energético. Os equipamentos de 110V geralmente consomem mais energia do que os de 220V e voltagens superiores. Um exemplo clássico e bem conhecido é o do chuveiro elétrico. Isso ocorre porque os equipamentos de maior voltagem utilizam uma corrente elétrica menor para funcionar. O mesmo princípio se aplica aos equipamentos profissionais. Além disso, os fornos profissionais possuem isolamento térmico, o que contribui para uma maior eficiência energética.
Segurança
Quando há um esforço excedente do equipamento, há um aumento da amperagem e uma sobrecarga que gera um aquecimento dos cabos e demais componentes, o que pode gerar derretimento de alguns, queima e até princípios de incêndio. Um exemplo bastante comum disso é o próprio chuveiro elétrico 110V que mencionamos acima. Por esta razão, que os equipamentos profissionais tem voltagens maiores, contribuindo para evitar estes riscos.
Exigências técnicas
Outro ponto importantíssimo, é que em voltagens de 220V Monofásico ou Trifásico e 380V Trifássico, as especificações e exigências das normas elétricas, são as da Norma NR10 que rege instalações profissionais e industriais e visa a segurança destas instalações.
Já a NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos , essa norma trata da segurança na utilização de máquinas e equipamentos, incluindo dispositivos elétricos presentes em máquinas industriais. Ela define requisitos técnicos e medidas de proteção para prevenir acidentes e garantir a integridade dos trabalhadores.
Conclusão
Agora você sabe porque os equipamentos profissionais não são 110 Volts e que voltagens superiores permitem um dimensionamento mais eficiente dos disjuntores, cabos e redes elétricas, resultando em menor amperagem e redução de custos.
Além disso, os equipamentos projetados para essas voltagens apresentam maior robustez, capacidade produtiva e ganho notável em desempenho, confiabilidade, eficiência e otimizando o uso de energia elétrica.
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