Uso de Lenha em Estabelecimentos de Alimentação

Prática • 11 de junho de 2025

O uso de lenha como fonte de calor ainda é comum em restaurantes, padarias e outros negócios do setor alimentício, especialmente para preparo em fornos e fogões artesanais.


No entanto, empreendedores precisam estar atentos aos aspectos legais, sanitários e operacionais relacionados a essa prática.


Entenda os critérios legais e sanitários que envolvem o uso de lenha em cozinhas profissionais e saiba como manter seu estabelecimento em conformidade.


1. Origem Legal da Lenha e Obrigações Ambientais


O uso de lenha nativa em estabelecimentos comerciais só é permitido se for comprovadamente de origem legal, conforme determina o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A principal exigência é a apresentação do Documento de Origem Florestal (DOF), que é obrigatório para o transporte e o armazenamento de produtos florestais nativos, inclusive lenha e carvão vegetal.


A utilização de lenha sem DOF é considerada crime ambiental, de acordo com a Lei nº 9.605/1998, sujeitando o estabelecimento a sanções administrativas, multas e até mesmo penalidades criminais.


Fonte: IBAMA.


2. Exigências Sanitárias: O Que Diz a ANVISA


A Resolução RDC nº 275/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece os regulamentos para boas práticas em serviços de alimentação. O documento não proíbe o uso de lenha, mas exige que qualquer combustível utilizado no preparo de alimentos não ofereça riscos à segurança sanitária.


Entre os cuidados obrigatórios estão:

  • Utilização de sistemas de exaustão eficientes, que evitem acúmulo de fumaça e fuligem;
  • Manutenção constante dos fornos e fogões;
  • Armazenamento da lenha em local isolado da área de manipulação;
  • Evitar qualquer contato de cinzas ou fuligem com superfícies e alimentos.


Fonte: ANVISA. RDC nº 275/2002. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-275-de-21-de-outubro-de-2002-525393


3. Legislação Local e Licenciamento Complementar


Além das normas federais, cada estado e município pode adotar regulamentos próprios quanto ao uso de lenha. Em zonas urbanas, é comum que o uso de combustíveis sólidos esteja sujeito a restrições específicas ou até mesmo proibições.


Entre as exigências locais estão:


  • Licenciamento ambiental específico para uso regular de lenha;
  • Apresentação de projeto com controle de emissões (filtros, chaminés);
  • Restrição do uso de lenha a zonas comerciais, industriais ou rurais.A consulta deve ser feita junto à Secretaria Municipal ou Estadual de Meio Ambiente.


4. Impactos e Incômodos Associados ao Uso de Lenha


Apesar de trazer características sensoriais valorizadas na culinária artesanal, o uso de lenha apresenta diversos desafios operacionais e ambientais.


Emissão de Poluentes


  • A queima de lenha gera fumaça visível, material particulado e gases como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOx);
  • Pode contribuir para a poluição do ar em ambientes urbanos.


Impactos à Saúde Ocupacional


  • Funcionários podem sofrer com exposição constante à fumaça, resultando em irritação ocular, problemas respiratórios e cefaleia;
  • Ambientes mal ventilados tornam-se insalubres e desconfortáveis.


Reclamações da Vizinhança


  • Odores fortes e fumaça persistente geram incômodos a comércios e residências vizinhas;
  • Podem resultar em reclamações junto à prefeitura ou órgãos ambientais.


Riscos de Incêndio e Segurança


  • O uso de fogo direto aumenta o risco de acidentes;
  • Armazenamento inadequado da lenha pode obstruir rotas de fuga e atrair pragas.


Custos Operacionais e Burocracia


  • Sistemas de exaustão precisam de manutenção frequente;
  • A comprovação documental (como DOF e licenças) exige gestão constante.


5. Veto ao Uso de Lenha e Gás em Espaços Comerciais Fechados


Em locais como shoppings, aeroportos, galerias e centros empresariais, é comum a proibição expressa do uso de lenha e, em muitos casos, de gás (GLP ou GN). Essa restrição está relacionada a aspectos de segurança, infraestrutura e normas técnicas.


Riscos de Incêndio


  • Fontes de calor com combustão aberta representam alto risco em locais com grande circulação de pessoas.


Incompatibilidade com Ventilação Central


  • Ambientes climatizados não suportam exaustão de fumaça ou gases de combustão.


Normas de Engenharia e Regimento Interno


  • Contratos de locação vetam o uso de combustíveis inflamáveis;
  • Regulamentos de Corpo de Bombeiros e da ABNT restringem o uso em ambientes fechados.


Exigências de Projeto


  • Em raras exceções, a autorização depende de projeto técnico aprovado e sistemas de segurança.


6. Vantagens do Uso de Equipamentos Elétricos na Cozinha Profissional


A substituição de lenha ou gás por equipamentos elétricos tem se mostrado vantajosa em vários aspectos operacionais e regulatórios:


Estrutura Compacta


  • Equipamentos elétricos não exigem câmaras de combustão nem chaminés;
  • Isso permite maior aproveitamento do espaço e facilita a instalação em cozinhas pequenas.


Precisão e Padronização


  • Maior controle de temperatura e tempo;
  • Redução de falhas operacionais e melhora na consistência dos produtos.


Higiene e Segurança Sanitária


  • Não há risco de contaminação por fuligem ou fumaça;
  • Facilita a limpeza e a conformidade com exigências da ANVISA.


Segurança Operacional


  • Reduz riscos de queimaduras, incêndios e vazamentos;
  • Indicado para ambientes que proíbem fontes inflamáveis.


Sustentabilidade


  • Em locais com matriz elétrica limpa, contribui para operações de menor impacto ambiental.


Facilidade de Regularização


  • Dispensa licenças ambientais específicas;
  • Simplifica a instalação e a manutenção.


Considerações Finais


O uso de lenha pode oferecer características valorizadas no preparo de alimentos, mas também impõe desafios legais, sanitários e logísticos significativos. Empreendedores do setor de alimentação devem considerar com cuidado todos os requisitos regulatórios antes de optar por esse tipo de sistema.


Recomenda-se:


  • Verificar a legislação ambiental e sanitária junto aos órgãos locais;
  • Consultar especialistas em projetos de cozinhas profissionais;
  • Considerar o uso de equipamentos elétricos como alternativa mais segura, higiênica e adaptada às exigências dos ambientes urbanos e comerciais modernos.


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