História da panificação: veja a evolução ao longo dos séculos

Prática • dez. 04, 2019

Nenhum alimento é tão emblemático e representa tão bem a história da civilização e nossa relação com a mesa e com a comida quanto o pão. Desde ritos religiosos até a construção das pirâmides do Egito, o pão acompanha a humanidade seja em grandes feitos, seja no dia a dia das famílias.

Ao longo deste post, conheceremos um pouco mais acerca da história da panificação: como ela surgiu, qual seu impacto na sociedade, como a evolução tecnológica transformou a forma de se fazer pão e como esse alimento essencial está presente em nossas vidas hoje.

Confira!

Origem do pão

Se pretendemos estudar a história da panificação e sua evolução ao longo dos séculos, é preciso que retornemos até as origens da civilização. Na região entre o norte da África e o oeste da Ásia, que é referida onde hoje encontramos o Oriente Médio e o Nordeste africano.

Foi nessa região que os pesquisadores encontraram os vestígios mais antigos de fabricação de pão, datando de, aproximadamente, 14 mil anos atrás.

Pesquisas recentes em sítios arqueológicos apontam que, com o surgimento da agricultura , os nômades caçadores e coletores já recolhiam sementes e grãos e os processavam com água, formando um mingau espesso.

Essa massa era provavelmente assada sobre pedras aquecidas no fogo, em buracos no chão ou em utensílios rústicos de barro, como potes ou caçarolas, utilizando uma técnica semelhante àquela usada ainda hoje no Oriente Médio para assar pães chatos.

O pão na Antiguidade

Com o desenvolvimento e a difusão da agricultura, o homem passa a ter à sua disposição uma oferta mais ou menos constante de grãos e, consequentemente, de pão e cerveja, o que permite que surjam as primeiras grandes cidades.

Os sumérios, por exemplo, construíram grandes cidades abastecidas à base de uma espécie de pão achatado e sem fermento.

Já os egípcios conseguiam dominar o processo de fermentação, mesmo sem o conhecimento da ciência uma vez que, antes de Louis Pasteur  – cientista francês do século XIX, precursor da microbiologia  – , não se sabia da existência de microrganismos, tampouco sobre sua importância nos processos de fermentação.

A mistura de farinha e água, deixada de lado durante algum tempo, desenvolveria leveduras selvagens naturalmente, presentes na atmosfera e nos próprios grãos, as quais começaram a se alimentar dos açúcares naturais presentes nessa papa, fermentando a mistura.

A importância do pão e da cerveja no Egito Antigo era tamanha que havia profissionais dedicados à sua produção, e esses dois alimentos eram as principais fontes de nutrição dos escravos que construíram as famosas pirâmides egípcias.

Foram também os egípcios os primeiros a conseguirem atingir um alto nível de proficiência na história da panificação, produzindo pães de diferentes tamanhos, formatos e cores , como se vê ainda hoje pelas ruas, museus, tumbas, na arte e em documentos do Cairo.

Já no famoso Império Romano (27 a.C. — 476 d.C.), os Césares expandiam suas fronteiras alimentando seus soldados com provisionamentos de grãos, ao passo em que, dentro de suas fronteiras, a população comum era entretida com divertimentos públicos e pão. Era o que ficou eternizado como “política do pão e circo” — uma combinação de assistencialismo barato e diversão em massa para distrair a plebe da corrupção e dos problemas reais do Império.

Da Idade Média à Revolução Francesa

Durante o período conhecido como Idade Média, As elites sociais (aristocracia e clero) tinham acesso à melhor farinha e pães finos, enquanto os camponeses, responsáveis pelo setor primário, passavam fome ou sobreviviam de pães escuros e mais pesados feitos de farinha de outros grãos.

Mas sem noções de higiene ou preocupações sanitárias, trouxe também o cenário ideal para o surgimento da Peste Negra, que teve seu auge entre 1343 e 1356 e dizimou centenas de milhões de pessoas no Velho Mundo, impactando na produção e na economia.

Houve a introdução de novos alimentos trazidos das Américas recém colonizadas em meados do século XIV e o fim do século XVI. Destacando-se o açúcar, que teve impacto na panificação, no desenvolvimento de produtos doces (confeitaria fina), que a princípio, deliciava somente a nobreza. O pão simples, produzido manualmente continuou a ser a fonte principal de carboidrato do restante.

O descaso para com as camadas mais pobres da população culminou na queda da Bastilha, símbolo do poder aristocrático francês, que selou a Revolução Francesa (1788-1789) e o fim de uma era com profundas transformações sociais.

O crescimento da classe burguesa, com poder aquisitivo, levou ao desenvolvimento do comércio e economia e o crescimento das tradicionais padarias de bairro que produziam o pão que agora, era mais acessível em variadas formas.

O pão na modernidade

Até o fim do século XIX, a produção de pão demoraria para ser beneficiada da mesma forma que o setor secundário (indústria) pela Revolução Industrial e a mecanização. A padaria continuava um trabalho braçal, duro e a qualidade do pão duvidosa, já que adulteração da farinha era uma realidade.

A escassez de recursos causada pelas duas Grandes Guerras levou governos em todo o mundo a investirem em equipamentos e baratear a produção em massa de alimentos para poder suprir as demandas de suas populações, e o pão não ficou de fora.

Modernos processos de refinamento da farinha e uma melhor compreensão dos processos de fabricação permitiram que o pão fosse produzido em larga em escala com rapidez, a um baixo custo e com qualidade.

A recuperação econômica do pós-guerra com o desenvolvimento tecnológico em todos os setores, finalmente trouxe às pequenas padarias e confeitarias, algumas máquinas tradicionais do segmento como a amassadeira, as modeladoras e os fornos.

Já nas décadas de 80 e 90, grandes cadeias de supermercados e indústrias buscaram industrializar a panificação e passaram a oferecer produtos padronizados para centenas de consumidores, chegando mesmo a pôr em cheque a existências das padarias artesanais de bairro.

O século XXI abriu possibilidades para o mercado do pão desde sua forma como “comodidade” disponível a qualquer hora devido ao avanço da tecnologia quanto aos empreendimentos de caráter artesanal que oferecem este produto tão essencial mas agora, como experiência gastronômica.

Conclusão

E você, gostou de conhecer um pouco da história da panificação? É claro que essa é apenas uma pequena amostra – afinal, seria impossível dar cabe de milhares de anos de história em poucos parágrafos, não é mesmo?

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O design é uma disciplina que envolve a criação, planejamento e execução de soluções para resolver um problema ou atender a uma necessidade específica. Ele abrange uma ampla variedade de campos e pode ser aplicado a produtos, serviços, ambientes, comunicações e interações. Não se limitando apenas à estética visual, embora isso seja uma parte importante. Ele também considera a funcionalidade, usabilidade, ergonomia e a experiência geral do usuário. O processo geralmente envolve a pesquisa, concepção, prototipagem, testes e implementação. Ele está em diversos aspectos da vida cotidiana, desde a embalagem de produtos que compramos até a interface de aplicativos que usamos e ele pode ser também aplicado nas padarias. Confira nosso conteúdo a seguir e aprenda mais sobre o assunto. Quais os princípios do design? Equilíbrio Simétrico: Distribuição equitativa de elementos de forma semelhante de ambos os lados de um eixo central. Assimétrico: Distribuição equilibrada de elementos visuais sem depender da simetria. Contraste Criação de diferenças visuais entre elementos, como cor, tamanho, forma ou textura, para destacar ou enfatizar. Alinhamento Posicionamento cuidadoso de elementos para garantir uma disposição ordenada e organizada. Repetição Utilização de padrões repetitivos para criar consistência e coesão visual. Ênfase Destaque de elementos importantes para chamar a atenção do espectador. Proporção Relação harmônica entre diferentes partes de um design, contribuindo para uma estética equilibrada. Hierarquia Organização visual de elementos para indicar a importância ou a ordem de leitura. Espaço Gerenciamento eficaz do espaço negativo e positivo para melhorar a legibilidade e a compreensão. Simplicidade Eliminação de elementos desnecessários para criar designs claros e diretos. Coesão Relacionamento visual entre elementos para garantir que o design funcione como uma unidade integrada. O Design aplicado às padarias Ao contrário do que se pensa, estas técnicas não se reservam apenas a projetos de grandes arquitetos mas podem ser perfeitamente aplicadas a todos os negócios e tanto a sua identidade quanto Atração Visual: quando bem pensado pode atrair a atenção, tornando a padaria mais convidativa e aumentando o potencial de atração de novos clientes. Identidade Forte: uma aplicação consistente com logotipos, esquemas de cores e outros elementos que distinguem a padaria no mercado. Experiência do Cliente Aprimorada: um design cuidadoso não se limita apenas à estética, mas também à experiência geral do cliente. Facilidade de Navegação: facilita a navegação dos clientes pela padaria. Isso pode resultar em uma experiência de compra mais agradável e eficiente. Destaque de Produtos: pode ser usado para destacar produtos específicos, promovendo itens. Isso pode influenciar as decisões de compra dos clientes. Credibilidade e Profissionalismo: quando bem executado transmite uma imagem de profissionalismo e atenção aos detalhes, o que pode aumentar a credibilidade. Diferenciação no Mercado: a aplicação eficaz dos princípios pode diferenciar a padaria de seus concorrentes, ajudando-a a se destacar e conquistar uma parcela do mercado. Comunicação Eficaz: sinalizações claras e comunicação visual, facilitam a transmissão de informações, promoções e ofertas especiais. Cuidados com design na padaria Excesso de móveis Estes não devem comprometer o espaço e a circulação dos clientes, e no caso de mesas e cadeiras, devem ser suficientes para acomodá-los. Paisagismo Se há uso de plantas e jardins naturais, estes devem ter rega, limpeza e manutenção constante para permanecerem bonitos. Uso de buffets Estes não devem "roubar" espaço e não prejudicar a circulação. Precisam ser dimensionados conforme a demanda e variedade do cardápio. Mesas e cadeiras extras Havendo falta, reavalie o espaço, remova itens e outros móveis, e disponibilize local para mais destas. Afinal, o cliente é mais importante. Manutenção de fachada Faça limpeza e manutenção periódica da fachada. Iluminação, comunicação visual, contatos, tudo deve estar visível. Exposição de materiais embaixo do balcão Embora possa ser visto como economia e aproveitamento de espaço, prefira manter materiais e embalagens guardados. Iluminação O propósito desta é tornar seu ambiente e produtos visíveis. Reveja o uso desta como decoração. Ademais, ela consome energia elétrica também. Tente usar mais luz natural nos seus projetos. Fotos e imagens Todas as fotos de produtos e decorativas devem estar em bom estado e atualizadas. Dê preferência às de seus próprios produtos. Freezers e geladeiras Devem estar posicionados estrategicamente aos produtos relacionados e ser suficientes para os produtos desejados. Itens e elementos decorativos Devem estar de acordo com o estilo do estabelecimento e não em excesso, desviando a atenção de seus produtos. Os sazonais devem ser removidos assim que passarem as datas comemorativas. Conveniência Concentre-se em itens que vendem juntamente com seus produtos e atendam à demanda dos clientes. Pisos Fique atento ao tipo, limpeza diária e conservação. Sempre que houver danos, programe a manutenção ou troca. Vitrines Estas precisam ser suficientes para variedade de produtos e repostas continuamente. Vitrine vazia não vende. Foco no produto O foco é a venda do que é produzido na padaria. Evite produtos e serviços que não complementem ou não vendam seus produtos. Frente de loja Um conceito que tem auxiliado as padarias, confeitarias e outros empreendimentos do ramo de alimentação é o uso de fornos vitrine na área de vendas. O objetivo desses equipamentos é assar produtos em menor quantidade, mas constantemente e com variedade. Dessa forma, seus clientes verão que há produtos frescos saindo a todo momento, e o aroma de pão é irresistível. Além disso, muitas pessoas desconhecem a fabricação do pão e, mesmo para aqueles que já conhecem, é muito atrativo, e sua padaria certamente chamará a atenção. Outro ponto positivo é que ao assar produtos em menores quantidades, eles se mantêm frescos e ocorre menor desperdício por itens que são assados além do necessário. Sobram, perdem a qualidade gradativamente e, depois, devem ser descartados. Conclusão Em síntese, ao considerarmos a importância do design nas padarias, compreendemos que a estética e a funcionalidade desempenham papéis cruciais na atração e fidelização de clientes. Desde a disposição dos produtos até a escolha de equipamentos como fornos vitrine, o design influencia diretamente na experiência do consumidor. A harmonia visual aliada à praticidade operacional não apenas agrega valor à padaria, mas também cria uma atmosfera convidativa. A implementação cuidadosa do design não só destaca a frescura e a variedade dos produtos, como também reduz desperdícios, promovendo a sustentabilidade no processo. Assim, ao reconhecermos a relevância do design, as padarias não apenas aprimoram seu apelo estético, mas também otimizam operações, conquistando clientes e assegurando um espaço distintivo no mercado gastronômico. E agora que tal aplicar os mesmos conceitos com na exposição de produtos? Clique aqui e veja nosso conteúdo sobre o vitrinismo. 
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